ISSN 2359-5191

01/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 71 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Música caipira permanece viva

São Paulo (AUN - USP) - A voz anasalada, “o som ríspido da rabeca” e a “profusão de harmônicos da viola”, elementos da música caipira, ganham vida nova nesse começo de século, ao contrário do que se poderia pensar diante do enorme número de canções internacionais que dominam as rádios e os programas musicais de TV. É o que afirma o professor da USP e músico Ivan Vilela, que acaba de lançar seu 12º CD, Dez Cordas.

Vindo de uma grande família do sul de Minas Gerais, Vilela conheceu a música caipira através de vizinhos. Aos 19 anos, começou a tocar em grupo que se dedicava à música regional: “Aí conheci a viola caipira e comecei a me iniciar no mundo da pesquisa de campo”, conta o professor, que vê na faculdade de música um espaço de aprendizado: “Poder aprender com as experiências dos outros é antes de tudo uma atitude de humildade”, opina.

Esse tipo de música, para Vilela, faz parte da história nacional porque, até os anos 1960, a maior parte da população morava no campo, berço da tradição: “A música caipira trata e histórias e valores ligados à saga do camponês do Centro-Sul, trata da história de muitos de nós”. O professor acredita que o preconceito sofrido pelo estilo musical não se justifica: “O que as pessoas chamavam de atrasado, era, na realidade, o que resistia, o que não trocava a sua cultura por uma outra de consumo”.

Ele afirma, entretanto, que a música caipira está passando por um processo de revitalização. Tanto seus trabalhos musicais como os acadêmicos são prova disso. O professor tem artigos sobre o tema e realizou, a pedido da Universidade de Taubaté, de São Paulo, uma proposta metodológica para o ensino da música popular, respeitando as tradições brasileiras.

O CD Dez Cordas, que leva esse nome devido a uma técnica desenvolvida por Vilela, mistura influências as mais diversas: da música clássica à folclórica, com composições que vão de Chico Buarque aos Beatles. “Quando me dei conta já tinha um punhadinho bom de canções arranjadas e gravar foi poder finalizar parte deste processo de descoberta”, conta. Para os interessados, não faltarão chances de conferir o trabalho de Vilela: há shows marcados até novembro, pelo Brasil inteiro. Mais informações podem ser acessadas pelo site: www.ivanvilela.com.br.

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