São Paulo (AUN - USP) - O lixo não-reciclável é a matéria-prima prioritária para produção de energia elétrica em gerador desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em associação com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O plástico “sujo”, que não pode mais ser reciclado, e a madeira alimentam o que se batizou de gerador de plasma. Nele, o material é desagregado pelo calor (pirólise), à alta temperatura de uma tocha de plasma. O resultado do processo são produtos sólidos e gasosos.
O produto gasoso, em cuja composição o H2 e o CO são preponderantes, tem alto poder calorífero, afirma Antonio Carlos da Cruz, do IPT. Ao se queimar esse gás composto, movimenta-se uma turbina, geradora de energia elétrica. Por sua vez, essa energia elétrica alimenta a tocha de plasma. Estuda-se a possibilidade de excedentes de energia. Quarto estado da matéria, o plasma é obtido pelo aquecimento rápido de qualquer gás. No experimento do IPT/ITA, essa produção é feita por descarga elétrica.
A vantagem do uso do plasma, em relação à simples incineração do lixo, é a menor produção de toxinas (dioxinas e furanos), e menor produção de cinzas. Ao final desses processos do gerador de plasma, segundo Antonio Carlos, há produção de CO2 a partir do carbono contido nos materiais pirolisados. Os pesquisadores liderados por ele ainda estudam formas de diminuir sua concentração final. Uma das alternativas em estudo é o uso de hidrogênio, que, em reação com o CO2, geraria carbono, “possivelmente na forma de negro-de-fumo”, e também água. Ainda de acordo com Antonio Carlos, “todos os produtos de combustão são tratados num sistema de limpeza”, que permite o aproveitamento da parte sólida.
Após resfriados, os elementos sólidos podem ser utilizados na pavimentação de ruas. Além disso, dentre os produtos da pirólise, Antonio Carlos afirma não haver quantia considerável de derivados de enxofre. Para ele, “em relação ao lixo, um dos apelos dos processos de destruição térmica é contornar a produção de metano”. O metano, gás de maior influência no aquecimento global que o dióxido de carbono, é produzido por material orgânico sob decomposição em locais não oxigenados, o que favorece a ação de bactérias anaeróbias.
De acordo com Antonio Carlos, o plástico e a madeira tem “poder calorífero considerável”. O que os torna desejáveis para uso no gerador de plasma é sua condição de não-recicláveis. Segundo ele, a solução plasma que IPT e ITA desenvolveram é integrada à “sistemática de recuperação de todo o material possível de ser reaproveitado”.