ISSN 2359-5191

13/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 79 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Concorrência com outros meios diminui audiência de novelas

São Paulo (AUN - USP) - As novas formas de entretenimento, como a internet, tornam mais difícil prender a audiência na TV. Além disso, as pessoas não têm mais tempo para acompanhar as narrativas das telenovelas, o que leva à queda na audiência de programas do gênero. Essa foi a colocação de Mauro Alencar, consultor de telenovelas da Rede Globo, em palestra realizada recentemente na Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP).

Para Alencar, a base da novela é contar uma história para agradar e a televisão busca maneiras de fazer isso para prender a audiência. Como exemplo, cita a novela mais recente de Walter Negrão para o horário das 18h, cujo enredo se passa nos anos 30 numa cidade do interior: novelas de época com ambientação rural agradam ao público, por isso se usa esta fórmula.

Com relação à atual crise da novela, ele não crê em esgotamento do formato, mas pontua que há uma mudança no público, que não tem mais paciência para acompanhar os enredos e o desenvolvimento das personagens.

Alencar lembra ainda que o atual formato de telenovela com a história dividida em vários núcleos e os modos de gravação e filmagem que conhecemos foi criado na década de 1970, durante a qual novelas como “O Grito” e “Saramandaia” inovaram as técnicas e o estilo do gênero. Lamenta ainda que “antigamente a concorrência era pela novidade, as emissoras concorriam com as inovações da Tupi, hoje isso é mais difícil, as minisséries ainda têm um pouco dessa inovação”. Porém, reconhece que novelas recentes, como “Pantanal”, da Manchete, também criaram novos formatos.

Para ele, isso não impede que o Brasil seja o país que mais influencia esteticamente as telenovelas produzidas no mundo todo, ainda que seja apenas o segundo maior exportador de novelas (o primeiro é o México).

Segundo Alencar, a origem das telenovelas remonta aos folhetins, romances que eram publicados capítulo a capítulo nos jornais, de modo a atrair um público fiel. O primeiro folhetim, de autoria controversa, foi lançado na Espanha, por volta de 1830. Esses folhetins fizeram tanto sucesso na Europa que chegaram até o Brasil, influenciado a formação do romance nacional.

A radionovela, de acordo com Alencar, surgiu um século depois, quando empresas como a Colgate-Palmolive passaram a usar folhetins adaptados para o rádio como maneira de estimular o público a consumir. O novo formato, surgido nos EUA, veio para o Brasil na virada da década de 40 para a de 50, e logo fez sucesso devido à grande maleabilidade do gênero. Alencar lembra que, numa das primeiras radionovelas, quando um dos atores pediu aumento salarial, seu personagem perdeu a voz devido a um derrame e saiu da novela. O ator foi demitido sem prejuízos para a trama.

A telenovela, por sua vez, chega ao Brasil no final da década de 50. Alencar cita, entre as dificuldades do gênero, a inexistência de pessoas com experiência em televisão, a necessidade de exibir todos os programas ao vivo, pois não havia videotape, e a precariedade física das emissoras. A primeira telenovela diária no Brasil, segundo ele, foi “2-5499 Ocupado”, exibida em 1963, quando a tecnologia do videotape já permitia a veiculação dos episódios todo dia.

Durante a palestra, Alencar exibiu trechos de algumas novelas que fizeram sucesso e marcaram tendências nas décadas de 60 e 70, como “Beto Rockefeller”, que foi a primeira a passar uma história ambientada nos subúrbios, e “Selva de Pedra”, que, para ele, marcou uma modernização na estrutura da novela.

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