ISSN 2359-5191

22/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 82 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Medidores de pressão geram erros de diagnóstico

São Paulo (AUN - USP) - As doenças cardiovasculares são responsáveis por 25% das mortes no Brasil. A cada ano, cerca de 250 mil pessoas são vitimadas por problemas cardíacos. Má alimentação e hábitos de vida sedentários estão entre os principais causadores de males que poderiam ser controlados com medidas muito simples: a principal delas a medida da pressão arterial.

Mas além da negligência com que a medição é encarada pelos pacientes, há outro problema que pode levar à hipertensão e a suas conseqüências mais nefastas, como o AVC (acidente vascular cerebral), o infarto e a morte: a incapacitação profissional e a falta de precisão dos aparelhos.

É o que aponta Ângela Maria Geraldo Pierin, titular do Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgica da Escola de Enfermagem da USP. Para a professora, membro da Sociedade Brasileira de Hipertensão, a medida da pressão arterial é o modo mais simples de se diagnosticar um dos principais problemas de saúde do mundo moderno: a hipertensão arterial.

Medir a pressão arterial pode até ser um procedimento fácil, mas requer uma atenção especial para que erros não influenciem a mensuração. A calibragem errada dos esfigmomanômetros, os famosos aparelhos de medir pressão, pode levar a um falso diagnóstico de hipertensão. E isso pode representar danos irreparáveis ao paciente.

“Costumamos encontrar duas dificuldades no tratamento da hipertensão: a correta medida da pressão e a falta de adesão ao tratamento quando finalmente temos um diagnóstico”, revela Ângela.

Existem no mercado três tipos de aparelhos de uso doméstico para medir a pressão, o aneróide, que é o mais comum, o de coluna de mercúrio e o automático. Além da falta de preparo no manuseio dos medidores, a maior restrição da professora não é quanto à metodologia de cada um dos aparelhos, e sim quanto à validação dos mesmos.

Um aparelho só pode ser validado depois de passar por testes que seguem normas de instituições como a British Hypertension Society (BHS) e a Association for the Advancement of Medical Instrumentation (AAM). Hoje, entretanto, não é difícil encontrarmos medidores automáticos em camelôs nas principais ruas de comércio de São Paulo.

A diferença de preços entre um aparelho validado e um aparelho “frio” é gritante. Um esfigmomanômetro automático validado custa em média 400 reais. Já nos camelôs pode-se comprar o mesmo aparelho por cerca de 10% desse valor.

Já o aparelho de coluna de mercúrio vem enfrentando outro problema. Ultimamente o elemento químico sofre com campanhas que condenam a sua presença em instituições de saúde e em aparelhos de uso doméstico. Isso porque o contato direto com o mercúrio pode resultar em sérios riscos para a saúde, o principal deles o desenvolvimento de um câncer.

A professora não esconde a irritação ao falar dessas campanhas. “Algumas pessoas prestam um desserviço por não saber do que estão falando. O mercúrio do esfigmomanômetro é totalmente isolado, como também é nos termômetros, e isso não representa qualquer perigo à saúde”.

Já os aparelhos aneróides são os que podem apresentar mais imprecisão. Comuns em postos de saúde e ambulâncias, esses instrumentos até algum tempo encontrados em farmácias podem apresentar muitas diferenças no ponteiro, que pode ser descalibrado facilmente.

A professora não veria restrição à volta do uso de medidores em farmácias, se as lojas tivessem profissionais treinados e aparelhos validados. “O problema é que chegou um momento em que as farmácias começaram a usar o serviço de medição de pressão para vender remédios”.

A OMS recomenda que a pressão seja medida ao menos uma vez por ano. Para Ângela, apesar de todos os problemas, isso não é uma tarefa difícil ou penosa. Unidades Básicas de Saúde modelos e hospitais públicos melhor aparelhados podem medir a pressão sem maiores dificuldades. Mesmo que o local seja um pouco distante e o deslocamento um pouco trabalhoso, o sacrifício vale a pena. Como todas as doenças crônicas, a hipertensão pode representar apenas uma mudança de hábitos se diagnosticada logo no início.

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