São Paulo (AUN - USP) - Desenvolvida para evitar a corrosão de metais, a proteção catódica não é infalível como se pensava. Método de proteção a armaduras de obras em concreto expostas à umidade, como pontes e píeres, a proteção catódica consiste do uso duma manta de material mais oxidável que o aço. Esses metais, também chamados de “ânodos de sacrifício” passam a ser corroídos no lugar da armadura da construção.
A partir da década de 80, porém, com o uso maior de correntes alternadas nas linhas de transmissão de energia elétrica, observou-se que os dutos sob esses corredores de transmissão, mesmo que submetidos à proteção catódica, também eram corroídos. No Brasil, a constatação foi mais tardia.
A solução para esse problema, de acordo com Zehbour Panossian, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na USP, demandará extensa pesquisa bibliográfica, pela novidade que é a corrente alternada no país. Nos Estados Unidos e União Européia, os trens de alta velocidade utilizam este tipo de corrente já há 10 anos.
De acordo com Panossian, a corrente alternada que passa pelas linhas de transmissão induz, no subsolo, correntes elétricas que percorrem o duto, por seu formato e material favorecerem a condutibilidade elétrica. Um detalhe que agrava a situação é a pintura externa desses dutos, realizada para evitar a penetração de energia elétrica, restringindo a área de condução ao exterior do duto. Instalam-se placas de ânodos de sacrifício e assim é aplicada a proteção catódica dos dutos.
O revestimento atual configura pontos sem pintura, os poros, menores e menos numerosos em relação ao revestimento tradicional. Através desses pontos, passa a corrente elétrica, corroendo a estrutura metálica dos dutos. A proteção catódica, de acordo com pesquisa de Panossian, evita a corrosão até certo ponto da intensidade da carga elétrica. Acima desse ponto, o duto se torna eletricamente um ânodo - e é corroído. Uma das soluções possíveis para o problema é o aterramento do duto em vários pontos, permitindo o escape da corrente para o solo. A pesquisa é desenvolvida para a aplicação da Petrobrás, assim como a aplicação da proteção catódica a dois píeres, um velho e outro em construção, que a multinacional tem em São Sebastião.
O litoral tem as piores condições para a manutenção de estruturas, de acordo com Panossian. A umidade e o contato intermitente com o mar, decorrente das marés, torna as armações frágeis quando não protegidas devidamente. A corrosão ocorre de duas maneiras: pala carbonetação do concreto, que diminui seu pH e a camada de óxidos que protege a armação das obras; e a penetração de cloretos, como o sal do mar, que quebra a camada de óxidos e deixa a armação exposta à corrosão direta.
Para que a aplicação seja efetiva –e economicamente viável- é necessário que a estrutura tenha continuidade entre suas ferragens. Assim, ao aplicar a proteção catódica, a estrutura inteira será protegida contra a corrosão.