São Paulo (AUN - USP) - A Revolução Russa alterou o rumo da história do século XX ao criar um novo regime político, que serviria de exemplo a várias nações algumas décadas adiante. A palestra “Balanço econômico e político do ‘socialismo real’” realizada recentemente dentro do Simpósio de Debates “90 anos de Revolução Russa”, promovido pelo Departamento de História da USP, discutiu esses e outros aspectos do regime soviético.< p> Para o professor Angelo Segrillo, mesmo sendo molde para outras nações socialistas, a razão de ser da URSS era a comparação com o ocidente. Todas as atitudes tomadas eram pautadas como resposta ao que era feito no mundo capitalista. O maior exemplo disto foi a corrida espacial que não trouxe nenhum fruto além do prestígio de enviar o primeiro homem ao espaço.
Já o professor Robério Paulino contrapõe que o capitalismo foi forçado a fazer muitos avanços na área social devido à presença do contraponto das nações comunistas. O maior exemplo seria o “Estado de bem-estar social” que ruiu após o colapso soviético e dos outros países do Leste Europeu. Ele ainda acrescenta que a URSS tinha estrutura “técnico-científica e educacional” comparável aos Estados Unidos. Chega a brincar ao dizer que “a URSS fez o tempo passar mais rápido” ao partir de um país quase medieval e se tornar uma potência econômica.
A respeito do regime político adotado menos de uma década depois da Revolução com a ascensão de Stalin ao poder, eles consideram que a ditadura soviética foi tão ou mais brutal que as ditaduras capitalistas. < p> Ao apontar as causas de seu colapso o professor Wilson Nascimento aponta a “crise do petróleo” na década de 1970 e as alterações econômicas que os países capitalistas tiveram de fazer em decorrência dela.
Outra causa para a “extinção” da União Soviética apontada por Robério Paulino é o desajuste nas novas formas produtivas na indústria. A URSS adotava um regime de linha de produção muito parecido com o “Fordismo” norte-americano baseado na alta especialização do trabalho e baixa qualificação dos trabalhadores. Contudo avança, também na década de 1970, a proposta “Toyotista” que primava pela diversidade produtiva e alta qualificação técnica. O regime soviético, porém, era muito engessado burocraticamente para acompanhar as mudanças que ocorriam no mundo capitalista ficando definitivamente para trás até sua extinção em 1991.