ISSN 2359-5191

12/03/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 01 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Mestrado defendido em favela discute zoneamentos de áreas de risco

São Paulo (AUN - USP) - A defesa de uma dissertação de mestrado, realizada pelo pesquisador do IPT, Fabrício Araújo Mirandola, transformou-se em um evento inédito ao ser realizada na favela do Real Parque, que se localiza nas proximidades da Av. Água Espraiada, na zona sul de São Paulo. A idéia da apresentação, que ocorreu no dia 7 de março, partiu do próprio pesquisador e configurou um grande avanço na concretização da ponte entre pesquisa e extensão acadêmica. “Amadurecemos essa idéia para dar um retorno à população do trabalho que vinha sendo feito lá”, afirma o autor do mestrado. Dessa forma a apresentação não se limitou aos resultados teóricos da pesquisa, como textos, mapas e fotos. A banca examinadora teve a oportunidade de testemunhar in loco as conclusões tiradas a partir do trabalho de campo.

A idéia fundamental da dissertação era propor uma reavaliação do método que é hoje utilizado para realizar zoneamentos de áreas de risco, ou seja, áreas que podem apresentar deslizamentos de terra. Para o pesquisador, o método atual peca ao analisar apenas características naturais dos terrenos, sem considerar aspectos tecnógenos, que são basicamente os aspectos resultantes das alterações provocadas pela ação humana. O resultado final dos zoneamentos fica, assim, prejudicado, pois não reflete o real grau de risco nas áreas estudadas.

Essas falhas nas análises técnicas e o problema dos desmoronamentos são recorrentes no mundo inteiro, como frisa o próprio Fabrício Mirandola. Mas a questão é especialmente notável nas grandes cidades de países subdesenvolvidos, como o Brasil, onde a ocupação de áreas impróprias para a construção de moradias é mais freqüente. Segundo o pesquisador, este fenômeno advém do contínuo crescimento populacional, aliado à falta de espaço nas metrópoles e às desigualdades sociais.

Fabrício ressalta, no entanto, que o foco de seus estudos não é encontrar soluções para a ocupação de áreas impróprias para moradia e para os desmoronamentos em si. Seu principal objetivo é aprimorar as cartas de risco geológico, feitas a partir desse novo método de zoneamento que ele propõe em sua dissertação, um método que analise os terrenos por suas condições naturais, mas que também considere as mudanças que eles sofreram após a ocupação humana. O acúmulo de lixo ou vazamentos de água de tubulações são, assim, tão relevantes quanto o nível de declividade do solo. Tal proposta não deixa, contudo, de ser fundamental para que tragédias resultantes de deslizamentos de terra sejam evitadas.

O pesquisador afirma que esta pesquisa, idealizada a partir de seu trabalho de conclusão de curso da faculdade e que levou cerca de 32 meses para ser finalizada, agora depende apenas de pequenas correções para que possa começar a ser mais amplamente divulgada e, então, passe enfim para a aplicação prática. Para Fabrício, a próxima etapa é fazer com que este novo modelo de zoneamento de áreas de risco possa tornar-se um padrão para os especialistas no tema. “A idéia é publicar e divulgar o trabalho para que todos que trabalhem nessa área comecem a utilizar essa análise dos tecnógenos na questão do risco de deslizamentos”.

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