ISSN 2359-5191

04/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 11 - Educação - Faculdade de Educação
A tragédia grega também ensina
Alunos do primeiro ano de Pedagogia, da Faculdade de Educação da USP, estudam a relevância das tragédias gregas no ensino.

São Paulo (AUN - USP) - Nada melhor do que encenar uma tragédia grega no início do curso de graduação de Pedagogia, na Faculdade de Educação. As tragédias gregas surgiram na Grécia Antiga num momento em que os clãs estavam se transformando em polis: cidades-estado. Nasceram com um objetivo claro: ensinar aos cidadãos os princípios éticos e valores daquela sociedade que estava se formando. A tragédia coloca problemas morais que dizem respeito à responsabilidade do homem. Segundo Jean-Pierre Vernant em seu livro Mito e Tragédia na Grécia Antiga, a tragédia “marca uma etapa na formação do homem interior, do homem como sujeito responsável”.

Nesse semestre os alunos do primeiro ano de Pedagogia, do período vespertino, encenarão Ifigênia em Aulis, de Eurípedes. A tragédia grega é estudada por eles na matéria “História da Educação”, ministrada pela professora Gilda Naécia Maciel de Barros. Nessa matéria os alunos começam estudando a Grécia Antiga. A aluna Júlia Ribeiro conta que eles começam estudando a epopéia, que é “fundamental para a compreensão do papel do herói, cujo arquétipo é a base da educação grega”.

A peça não é obrigatória, mas qualquer aluno pode fazer. Se for feita, conta como crédito de “estudos independentes”, que os alunos de tal curso têm que cumprir. Ifigênia faz parte de um projeto da professora Gilda, a “Semana dos Estudos Clássicos”, que está em sua sétima edição, e vai acontecer de 25 a 30 de abril. Segundo a professora, “esta semana constará de palestras ministradas por especialistas e versará temas de filosofia e história da educação relacionados com a cultura clássica”.

A aluna cita na entrevista uma passagem da peça, uma conversa entre os personagens Agamenon, e Menelau: “talvez alguém ouvindo-me queira dizer que depois de fazer-te tantas ameaças passo a falar uma linguagem diferente; inspira-me a razão, se me deixei dobrar, prevaleceu o afeto que me une a ti, pois afinal, somos filhos de um mesmo pai. Faz parte do caráter de homens bem formados ceder diante de uma opinião melhor”. E acrescenta: “nessa passagem pode-se perceber a preocupação em transmitir um valor; a personagem poderia ter dito apenas que havia mudado sua posição diante de um fato, mas justifica moralmente esse comportamento”.

Júlia conta que a partir das tragédias os alunos acabam refletindo mais sobre a questão da educação em outras sociedades. E completa: “o legal do teatro é que acabou me envolvendo mais com a matéria [História da Educação]”.

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