São Paulo (AUN - USP) - Responsável por sucessos como Castelo Rá-Tim-Bum, Glub Glub e Cocoricó, Beatriz Rosenberg, coordenadora da programação infantil da TV Cultura, debateu os rumos dos programas infantis na televisão atual em evento realizado recentemente no Auditório Freitas Nobre da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). Segundo Beatriz, as crianças assistem à TV não só pela diversão, mas também para buscar novos conhecimentos. Elas aplicam em suas brincadeiras o que aprendem nos programas, incitando a imaginação e a criatividade. Além disso, a televisão desperta um estímulo emocional, desafiando as crianças e fazendo-as experimentar diferentes sensações de forma segura. Isso explica a atração que filmes de terror e desenhos com enredos recheados de aventuras exercem sobre grande parte do público infantil.
Esses temas não são os únicos que geram interesse. É muito importante que haja uma identificação entre as crianças e as personagens que são retratadas na telinha, pois isso facilita o autoconhecimento desses pequenos telespectadores e conseqüentemente fazem-nos prestar atenção naquilo que assistem. Um aspecto curioso levantado por Beatriz é que crianças de uma faixa etária gostam de ver programas com crianças de uma faixa etária superior. O exemplo mais recente desse fato é o fenômeno High School Musical, que é feito por adolescentes, mas tem como público-alvo os telespectadores que estão na puberdade.
A coordenadora da TV Cultura destaca ainda que um bom programa infantil deve ter, obrigatoriamente, recursos visuais atraentes, ritmo e dinamismo adequados às faixas etárias específicas – crianças mais novas precisam de programas mais lentos que crianças velhas, os mais novos são mais tolerantes com reprises – e o mais relevante: pode abordar todos os temas. A grande dificuldade da relação das crianças com a TV não é a abordagem de violência e conflitos nos programas. Esses assuntos podem ser retratados desde que as conseqüências e as resoluções sejam explicitadas. É importante que se mostre a mediação desses problemas, passando, assim, valores positivos para o público infantil.
Beatriz enfatiza que um programa de televisão serve também para educar. Entretanto, ela recomenda que o didatismo seja evitado. O aprendizado deve acontecer de forma lúdica e distinta do que ocorre nas escolas.
A televisão só é prejudicial para a vida das crianças caso se torne um hábito. Beatriz acredita no poder de viciar que a TV tem e esse poder é capaz de cercear e até de impedir que as crianças realizem outras atividades fora ver televisão.