São Paulo (AUN - USP) - A grande atenção dispensada nas últimas semanas à questão dos congestionamentos na cidade de São Paulo faz com que uma outra grave conseqüência do aumento da frota de carros em circulação seja menos comentada: a gradativa queda na qualidade do ar. Preocupados com este problema, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP vêm investindo em inovações que auxiliem nos estudos de controle da poluição.
Novas tecnologias, como o sistema de Velocimetria por Imagem de Partículas (PIV) e o rastreador de hidrocarbonetos, vêm aprimorar estudos que já vinham sendo realizados no Centro de Metrologia de Fluidos do IPT desde que começou a ser desenvolvido, há cerca de cinco anos, o projeto do túnel de vento atmosférico, hoje já concretizado. Esse mecanismo consiste em uma grande câmara de ar (28 metros de comprimento, dois metros de altura e três metros de largura) que serve para simular, através de um potente ventilador localizado em uma de suas extremidades, o comportamento do vento e o modo como os poluentes se dispersam, ou não, em determinadas áreas da cidade. Os ensaios são realizados com pequenas maquetes do bairro a ser analisado, onde são reproduzidos tanto o relevo do local, quanto suas ruas, prédios e casas. Técnicas de visualização por fumaça ou grãos de areia fazem a representação das substâncias contaminantes. A partir dos resultados dessas simulações, os pesquisadores podem, então, propor medidas para amenizar a concentração de gases tóxicos. Essas medidas, normalmente, referem-se à readequação arquitetônica e paisagística da região. “Mas a solução exata para cada caso varia. Você tem que analisar as condições, para ver o que se pode propor”, afirma Gilder Nader, um dos condutores dos trabalhos com o túnel de vento.
Os equipamentos que estão sendo agora adquiridos refinam ainda mais os resultados desses testes e possibilitam que as soluções indicadas sejam mais eficazes. O sistema óptico PIV, por exemplo, mede através de feixes de luz as diferentes velocidades do vento e da dispersão dos poluentes em cada ponto de uma certa área analisada. Este mecanismo já é utilizado pelos técnicos do IPT. Já o rastreador de hidrocarbonetos, que está sendo importado da Inglaterra e deve entrar em uso daqui a dois meses, consiste em uma sonda que mapeia o percurso realizado pelos gases contaminantes após serem expelidos pelos carros ou chaminés e verifica os locais onde as toxinas tendem a se concentrar mais.
Com a ajuda dessas novas tecnologias, a degradação da qualidade do ar nas grandes cidades do país pode começar a ser controlada. O pesquisador Gilder Nader acredita que este é um problema que possui solução, até mesmo em uma cidade como São Paulo. “Pode ter solução sim. Mas para acabar com o problema é um processo longo. Temos que ir estudando para minimizar a poluição em determinados pontos e depois ver como podemos melhorar as condições para a cidade inteira.”