São Paulo (AUN - USP) - Um dos gêneros preferidos entre os estudantes de jornalismo, o jornalismo cultural enfrenta um grande dilema: ter uma agenda cultural própria ou divulgar o que está acontecendo? Marcos Augusto Gonçalves, editor da Folha Ilustrada, debateu essa e outras questões em recente evento acontecido na Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP).
Gonçalves acredita ser muito difícil escapar da divulgação dos chamados grandes produtos culturais, como filmes blockbusters, shows de artistas consagrados (Roberto Carlos) e espetáculos internacionais (Cirque du Soleil). Os veículos cedem ao apelo comercial desses produtos, que julgam ser de interesse público, e publicam reportagens divulgando – os. Entretanto, Gonçalves enfatiza a necessidade de abordar esses assuntos de maneira criativa. Um exemplo de uma abordagem diferente para uma notícia que precisa ser publicada foi a matéria sobre as rosas que Roberto Carlos entrega para as fãs a fim de divulgar as apresentações do “Rei” em São Paulo. Para o editor da Ilustrada, os profissionais mais jovens têm medo de ousar, o que explica a pouca criatividade encontrada nas matérias.
Além de noticiar os fatos considerados relevantes de forma criativa, Gonçalves destaca que todo caderno cultural deve ter uma agenda própria. É função dos jornalistas culturais antecipar o que ainda será tendência e divulgar produtos culturais de qualidade que são pouco conhecidos pelo grande público (o famoso “hypar”). Para executar essas tarefas, a melhor ferramenta é a Internet devido ao espaço que oferece as pessoas para mostrarem os trabalhos.
Questionado sobre as diferenças entre o Caderno 2 e a Folha Ilustrada, Gonçalves fez questão de ressaltar que o caderno cultural que ele edita é pioneiro nesse segmento. Ele considera que Caderno 2 nasceu com o objetivo de ser uma Ilustrada de 2° mão, uma vez que o suplemento cultural do Estado de S. Paulo sempre assediou os jornalistas da Folha Ilustrada. Entretanto, Gonçalves faz uma ressalva dizendo que o Caderno 2 foi ganhando uma identidade com o passar do tempo, tendo como principal característica textos longos e complexos. Além disso, a Ilustrada se diferencia do Caderno 2 por outros motivos: ela é mais dinâmica, menos "careta" e aborda temas voltados para cultura jovem.