ISSN 2359-5191

05/05/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 29 - Economia e Política - Escola de Comunicações e Artes
Colonização católica não é responsável pelo subdesenvolvimento brasileiro

São Paulo (AUN - USP) - Não é o catolicismo, enquanto religião, que impede o florescimento do capitalismo. Essa é a opinião de Sedi Hirano, professor titular da USP, proferida, recentemente, durante a aula magna do curso de Relações Públicas da Escola de Comunicação e Artes da USP – ECA/USP . A declaração de Hirano vai contra vários autores que afirmam que o fato de os Estados Unidos terem sido colonizados por protestantes foi fundamental para o seu desenvolvimento econômico. Enquanto que a colonização católica fez com que o Brasil não tivesse o mesmo desenvolvimento, embora as duas colonizações tenham ocorrido na mesma época.

Hirano explica que essa é uma questão clássica porque Max Weber, no primeiro capítulo do livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, faz uma comparação entre os países protestantes e os católicos da Europa. Na comparação, Weber diz que os protestantes estavam mais voltados para uma formação profissional enquanto que os católicos para uma formação humanística. O autor também afirma que em todos os países onde havia escolas profissionais protestantes o capitalismo se desenvolveu.

Para reforçar seu argumento, de que a religião não é a responsável pelo desenvolvimento econômico de um país, Hirano ressalta que, embora os protestantes tenham colonizado muitos países que hoje são desenvolvidos, atualmente um dos países que mais se desenvolvem e um dos centros financeiros da Europa é a Espanha, um país católico. Para o professor, que foi até o ano passado Pró-Reitor de Cultura e Extensão da USP, há outros fatores que influenciaram para que o desenvolvimento dos EUA fosse diferente do brasileiro.

O professor cita o livro “Formação Econômica do Brasil”, de Celso Furtado, no qual o autor faz uma comparação entre o tipo de escravo que existia nos EUA e no Brasil. No livro, Celso Furtado diz que o escravismo colonial brasileiro era extremamente predatório, enquanto que o dos EUA permitia que se criassem famílias de escravos, o que raramente acontecia no Brasil. Para Sedi Hirano, esse é um dos fatores que levaram os Estados Unidos a se desenvolver mais que o Brasil.

O professor também destaca que não existem grupos étnicos mais inteligentes que outros. O que existe, segundo ele, é uma trajetória do nascimento à idade adulta, e que a inteligência depende de como isso é trabalhado em termos de educação durante essa trajetória. Ele diz que a fama de os japoneses serem mais inteligentes se deve ao fato de nessa cultura os pais investirem primordialmente na educação dos filhos. Mas para Hirano, isso também não quer dizer que todos os japoneses sejam excelentes alunos.

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