São Paulo (AUN - USP) - A primeira turma com o currículo voltado à atenção farmacêutica na Faculdade de Ciências Farmacêuticas – FCF – da USP se forma este ano. O motivo da mudança é preparar o farmacêutico para o contato direto com o paciente, aproximá-lo do eixo saúde-doença, encaixá-lo melhor na sua definição de profissional da saúde. Todos os cursos de Farmácia do país, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, devem sofrer adaptações nesse sentido.
As disciplinas de conteúdo técnico não foram dispensadas ou diminuídas de sua importância; todo profissional sai da faculdade com formação generalista e com carga horária de 5300 horas de curso. A diferença no currículo está na quantidade de disciplinas das áreas humanas e de saúde pública. Além disso, algumas matérias estão mais integradas e contam com a contribuição de mais de um professor. "As coisas têm mais lógica se você as vê como um conjunto, do começo ao fim", explica a professora Elfriede Marianne Bacchi, presidente da Comissão de Graduação da FCF.
Segundo a professora, no começo da profissão, o farmacêutico era direcionado ao tratamento dos pacientes e hoje a tendência é o profissional partir para as indústrias; poucos se dedicam a farmácias. "O paciente é o principal, não o medicamento", diz Elfriede. Com o novo currículo, o profissional estará apto a atuar em hospitais e Unidades Básicas de Saúde, em equipes de saúde formadas por médicos e enfermeiros, sugerindo medicamentos para o diagnóstico dado e a forma de tratamento mais adequada. "O farmacêutico vai voltar às suas origens: lidar com o paciente", explica a professora.
Os alunos têm participação na formulação no novo curso. Eles contribuem com sugestões de disciplinas optativas e carga horária das matérias. Os professores também estão aprendendo com as mudanças, pois poucos docentes tiveram sua formação voltada à atenção farmacêutica. "É uma outra visão que é um aprendizado para todos", diz Elfriede.
A professora explica que ainda é cedo para falar de resultados e que pretende acompanhar os alunos egressos a partir do ano que vem para analisar os resultados da mudança curricular. O que já é perceptível é que, com os estudos de caso em aulas que antes eram apenas expositivas, os alunos estão mais críticos, adquiriram uma visão mais ampla das doenças e dos pacientes.