São Paulo (AUN - USP) - O Dia Nacional Contra a Hipertensão incentivou o debate quanto à necessidade da realização de exercícios físicos e da resistência dos pacientes ao tratamento. Mais de 180 pessoas estavam presentes na área de lazer do Hospital Universitário da USP - HU, onde há um campo gramado e uma quadra poliesportiva. Participaram da equipe de realização, além de funcionários de saúde do HU, alunos da Farmácia, da Nutrição e da Educação Física, todos da USP, além de cerca de 150 pacientes. A celebração acontece sempre no dia 26 de Abril, que neste ano caiu em um sábado. Para não atrapalhar a comemoração, esta foi antecipada para o dia 25.
À entrada do evento, duas estagiárias do ambulatório recebiam os pacientes e seus acompanhantes e lhes davam uma etiqueta contendo o nome do médico responsável. A área foi dividida em stands; em cada um era realizada uma atividade para a conscientização dos presentes. As atividades foram realizadas em turnos, e a cada 30 minutos as pessoas trocavam de estação.
Na estação Hábito de Vida, por exemplo, uma pequena palestra ministrada pelos estudantes de Educação Física alertava aos ouvintes a necessidade de praticar exercícios físicos para amenizar a hipertensão. Para aqueles que sofrem da doença, é indicado a realização de 30 minutos de atividade por dia, como caminhadas leves. Porém, como é sabido que existe bastante resistência contra esse hábito, foram dadas dicas para incentivar a atitude, como dividir o exercício em três partes de 10 minutos. O importante é pegar gosto pela coisa, antes de seguir qualquer regra, foi o conselho ouvido pelos pacientes. Após a palestra, cerca de 30 colchões dispostos em um círculo no meio do gramado os aguardavam para algumas atividades práticas.
Segundo o médico Egídio Dórea, do Grupo de Doenças Metabólicas do HU, somente 30% dos pacientes são tratados, pois existe certa resistência. No entanto, só através do controle da doença é possível reduzir as complicações. O tema deste ano, ‘Ter Fé No Tratamento’, visa justamente reverter este quadro. Dórea afirmou que “aquele que sofre de hipertensão e tem fé em uma religião, por exemplo, tem que ter esta mesma fé no seu tratamento”. O evento passado foi direcionado ao tratamento de crianças, de idades que variavam dos 5 aos 12 anos. Os participantes da edição deste ano tinham uma idade média entre 50 e 60 anos.
Lucy Hirata, do Ambulatório de Doenças Metabólicas, também frisou que o maior problema é a adesão ao tratamento. A campanha serve para melhorar, incentivar este aspecto. Desde que foi criado, há cinco anos, o ambulatório tem investido na realização destes eventos de conscientização, não só para hipertensão, mas também para outras doenças, como os diabetes.
Maria de Lima, paciente de Lucy Hirata, foi convidada pela enfermeira Isabel. Já havia participado, em novembro, do evento contra os diabetes e resolveu comparecer ao Dia Nacional Contra a Hipertensão. “Vi que foi legal, aí resolvi vir de novo”, afirmou Maria. Ela é tratada no HU há cerca de cinco anos, pois é dependente de sua filha, que trabalha no hospital.
Paulo Chanel, que participava do evento pela primeira vez, não foi condescendente com os alimentos servidos, como torradas e geléias. Segundo Chanel, aquilo era um stand para fazer propaganda da empresa (Companhia das Índias). “Seria muito mais interessante explorar as propriedades medicinais das ervas, como o alho, que abaixa o colesterol, do que servir geléia de gengibre e não explicar sua importância”, disse o professor da Faculdade de Farmácia da USP.
A última parte do rodízio de atrações era um teatro protagonizado pelos alunos da Faculdade de Farmácia. A trama consistia em um homem que tentava aderir ao tratamento, mas reclamava dos hábitos que teria que mudar, como o abandono de sua cervejinha. Incentivado pela família e por seu médico, o protagonista transformava-se em um paciente exemplar, e sentia-se muito melhor.
Ao fim das atrações, foram distribuídas uma caixinha para organização de remédios e algumas mudinhas de ervas, para ajudar a substituir o sal, prejudicial aos que sofrem de hipertensão, como afirmou a enfermeira Ana Lucia Lopes.