São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa feita na grande São Paulo constatou que 19% dos praticantes de musculação já utilizaram esteróides anabólicos. Deste número, 8% dos pesquisados declararam que ainda usam a droga, enquanto os 11% restantes não a consomem mais. Os anabolizantes mais usados são o estanozolol (Winstrol), preferência de 82,1% dos usuários e a nandrolona (Decadurabolim), que atinge 64,1% dos atletas. Estes números, aparentemente incompatíveis, ocorrem porque os praticantes de musculação consomem, na maioria dos casos, dois tipos de esteróides por ciclo (ciclos são os períodos de tempo de administração da droga, duram de 6 a 12 semanas). A pesquisa foi realizada pela aluna de graduação, Luciana Franco Silva, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, sob a orientação da professora Regina Lúcia Moreau. O estudo foi finalizado em julho de 2001 e teve como título o "Uso de Esteróides Anabólicos Androgênicos entre freqüentadores de academias de musculação de São Paulo".
Constatou-se que os praticantes de musculação começam a tomar os anabolizantes antes dos 20 anos de idade, mas o ápice do uso ocorre entre os 25 e os 29 anos. Outro dado importante levantado na pesquisa é a mudança na forma de obtenção dos anabolizantes. Ex-usuários responderam que os compravam com outros freqüentadores da academia, enquanto a maioria dos atuais usuários afirmam que adquirem o produto nas farmácias, sem receita médica. Além disso, 69% dos pesquisados acreditam que podem evitar os efeitos indesejados dos esteróides com a associação de outros produtos. No entanto, essas outras substâncias (assim como os próprios anabolizantes) são ingeridas sem grandes conhecimentos científicos e podem causar outros efeitos no organismo, igualmente indesejados.
Para realizar a pesquisa foram contactadas cinco grandes academias de São Paulo (cada uma com cerca de 2000 praticantes de musculação), mas duas delas não aceitaram participar do levantamento, mesmo sabendo que seus nomes não seriam expostos. De acordo com Moreau, foram escolhidas essas academias devido à heterogeneidade das pessoas que as freqüentam, tanto em termos de faixa etária como em relação às condições socioeconômicas. Após o contato, eram deixados nas academias os questionários, que foram respondidos pelos praticantes de musculação de forma voluntária e anônima. Foram preenchidos 209 formulários (o que corresponde a 3% do total de praticantes de musculação das três academias), 70% dos voluntários eram do sexo masculino: "A idéia original não era fazer um levantamento extremamente abrangente, o objetivo foi realizar um projeto mais inicial. Sabemos que não houve uma amostra muito grande, mesmo porque havia limitações de tempo para fazer a pesquisa", afirmou a professora.