ISSN 2359-5191

05/02/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 02 - Meio Ambiente - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Trabalho preventivo reduz número de mortes com deslizamentos

São Paulo (AUN - USP) - Se as chuvas que atingem o sudeste no período de dezembro a março não podem ser controladas, ao menos o número de vítimas de deslizamentos em morros e encostas diminuiu, nos últimos 14 anos, em função do sucesso do PPDC – Plano Preventivo de Defesa Civil. Em 1988, ano de instalação do projeto, foram 17 mortes; já no período entre 1989 e 2002, o total ficou em 24.

Assim, o resultado do plano foi o controle de tragédias, como moradores soterrados e casas totalmente destruídas, decorrentes da situação precária de ocupação das encostas em áreas absolutamente carentes. Implantado pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas –, da USP, em parceria com prefeituras municipais, o projeto que incluía quatro municípios do Litoral Norte (Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba) e outros quatro da Baixada Santista (Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão), foi estendido, em 2001, para mais 16 cidades do Vale do Paraíba.

O geólogo Eduardo Soares de Macedo, um dos 11 profissionais do instituto em trabalho direto com as comunidades atingidas, resume o plano em “previsão e convivência com o problema”, “dotando-se as prefeituras de instrumentos para proteger os cidadãos e preservar vidas em caso de acidentes naturais”.

O trabalho do PPDC envolve o treinamento de moradores, especialmente os das áreas mais atingidas, e ainda policiais militares, bombeiros e técnicos municipais. Assim, capacitam-se prefeituras para que façam monitoramento de chuvas, vistorias de campo e trabalhos com previsões meteorológicas. Trata-se, segundo Macedo, de “treinar as prefeituras para fazer o que é de sua responsabilidade e também a população a fazer algo”.

Por fundamentar-se em medidas a serem tomadas antes da ocorrência dos desastres, o contato com a população é fundamental para o projeto. A maior parte dela já tem experiência anterior com deslizamentos. Muitos, inclusive, perderam tudo. Ou seja, eles têm a percepção do problema e sabem que, caso não possam se afastar em definitivo das áreas de risco, terão de enfrentá-lo a cada estação de chuvas.

Cabe à equipe um trabalho educativo, que inclui distribuição de material didático, treinamento de campo e simulações. O PPDC fornece parâmetros técnicos, como noções de inclinação dos morros e distância ideal entre casa e encosta. Além desses fatores, influenciam diretamente nos escorregamentos o excesso de lixo e a falta de vegetação nas encostas.

O plano baseia-se ainda em plantões para os casos mais graves. A remoção preventiva e temporária das populações para alojamentos não deve ser descartada, já que faz parte da filosofia do plano: reduzir a perda de vidas humanas. Porém, não se perde de vista a necessidade de “criar uma cultura de prevenção, para que se comece a perceber que a cultura do atendimento não é a mais importante”, conforme defende o geólogo.

A existência de um sistema de prevenção como o PPDC resulta, em parte, por ser ele “socialmente engajado”. Não se configura, como ressalta Macedo, em simples “tecnologia de pobre, mas de uma tecnologia social adaptada às condições sócio-econômicas e políticas” do país.

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