São Paulo (AUN - USP) - A cerâmica avançada já ocupa espaço importante em diversos setores industriais dos países desenvolvidos. Apesar disso, o desenvolvimento desta tecnologia no Brasil continua incipiente, segundo afirmou o pesquisador Humberto Yoshimura, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT/USP).
Fabricadas a partir de matérias-primas artificiais, a cerâmica avançada possui uma série de vantagens em relação à técnica tradicional, que utiliza apenas elementos naturais, como argila. Materiais produzidos a partir do óxido de alumínio, por exemplo, podem apresentar superfície transparente. Outros compostos podem oferecer ao produto maior resistência ou até propriedades magnéticas.
Enquanto muitas empresas internacionais já utilizam esta tecnologia para fabricar peças de aparelhos celulares, lâmpadas de bulbo e aparelhos odontológicos, no Brasil, há pouco interesse e investimento nessa área. Yoshimura afirmou que este atraso pode ser explicado pelo fato de que, para uma grande empresa, tal investimento só seria recompensado por uma produção em larga escala e, de acordo com o pesquisador, grandes empresas não têm interesse em fazer apostas sem garantia de retorno. Este papel caberia às companhias menores, porém muitas destas fecharam as portas, prejudicadas pelas instabilidades econômicas da década de 1990. “Trabalhando com empresas pequenas é mais fácil ser mais ousado (...) A gente espera que agora, com a estabilidade, o pessoal volte a lucrar mais e investir mais”.
O bom desempenho obtido dos produtos de cerâmica avançada é, provavelmente, seu grande atrativo. A prefeitura de São Paulo já possui planos de substituir as lâmpadas de mercúrio, utilizadas nos postes de iluminação pública, por lâmpadas de sódio, produzidas com técnicas de cerâmica avançada e que são mais econômicas, resistentes e luminosas. O crescimento deste mercado em potencial pode ser a chave para que a cerâmica avançada comece a ganhar mais atenção.