São Paulo (AUN - USP) - Em 2007, a cidade de São Paulo presenciou um desastre da engenharia. O buracão do metrô é como ficou conhecida a cratera de aproximadamente 80 metros que se formou devido a um desmoronamento da linha - 4 amarela do metrô, na futura estação Pinheiros. Foi alegada instabilidade do solo, agravada pelas fortes chuvas, como causa do desmoronamento. Morreram sete.
O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) acredita que investigações geológicas que precedem o início de uma obra são essenciais para garantir a segurança de qualquer empreendimento. Santos diz que a Geologia de Engenharia (GE), no âmbito de construções de médio e pequeno porte, ainda não é aplicada com freqüência.
Autor de “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, Santos explica que a GE é um estudo fenomenológico que não pode se limitar a mera constatação de fatos geológicos. O geólogo deve acompanhar uma obra do início ao fim, atentando-se para as eventuais modificações do plano da construção, a fim de adaptar as necessidades do empreendimento à realidade da composição geológica do local e assim evitar acidentes.
Deve ser elaborado um Quadro Fenomenológico que associe todas as informações coletadas pelo geólogo, para diagnosticar os possíveis comportamentos dos materiais afetados pela obra. Santos diz que a missão essencial da GE é oferecer ao projetista o quadro completo dos fenômenos geológico-geotécnicos que podem potencialmente ser esperados da interação obra com a geologia.
Para ele, é responsabilidade da GE qualquer fenômeno geotécnico que venha a acontecer e que não tenha sido previsto em seu Quadro Fenomenológico. Santos complementa que será de responsabilidade também do engenheiro que não cumprir com o Quadro fornecido pelo geólogo. É uma dupla sociedade que deve ser tomada com seriedade e competência a fim de evitar desastres como ocorreu no ano passado nas obras do metrô, no ano passado.
Sobre o caso do buracão o geólogo alerta para o fato de as fatalidades poderiam ter sido maiores se a Linha 4 já estivesse em operação e lotada de passageiros. Por isso, é necessário trabalhar com o pior cenário fenomenológico que se possa esperar de determinada área, pois “é obrigação intrínseca da engenharia oferecer essa condição de segurança plena à sociedade.”