ISSN 2359-5191

17/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 55 - Educação - Hospital Universitário
Conhecimento dos enfermeiros sobre terapia intravenosa é insuficiente

São Paulo (AUN - USP) - Cerca de 90% dos pacientes em ambiente intra-hospitalar são submetidos a algum tipo de terapia intravenosa. “Por isso, um conhecimento médio de 50 a 70% deste procedimento é insuficiente”, afirmou Fernanda Ayache Nishi, enfermeira do Hospital Universitário da USP – o HU. Ela chegou a este resultado em uma pesquisa realizada para sua dissertação de Mestrado, cujo título é “Avaliação do conhecimento dos enfermeiros em relação às catecolaminas de infusão contínua”.

Nishi escolheu este tema devido às dificuldades observadas na prática assistencial e ao pouco conhecimento farmacológico dos enfermeiros. Segundo a enfermeira, é preciso aprofundar o conhecimento científico, e não ficar só na superficialidade. Uma das razões apontadas para o baixo nível de informação acerca dos fármacos entre estes profissionais da saúde é a deficiência na graduação. “A farmacologia é introduzida no começo do curso e, portanto, fica difícil de associar com a experiência clínica, lá no quarto ano”, afirmou Nishi.

Outros aspectos apresentados para esta falta de conhecimento referente a um processo cotidiano para estes funcionários foram a sobrecarga de trabalho, a falta de ações pontuais da administração e a falta de conscientização dos próprios enfermeiros. Para Nishi, o fato de o enfermeiro do HU, que tem apoio do hospital para fazer a pós-graduação ou outros cursos de apoio, não estar atualizado é bastante preocupante.

A pesquisa consistiu em um questionário de 35 questões de “verdadeiro ou falso”, aplicados aos enfermeiros das Unidades de Hemodiálise, do Pronto-Socorro adulto e da UTI de adultos. Estes setores foram os escolhidos por lidarem diariamente com as catecolaminas (drogas que agem nos vasos sanguíneos, utilizadas em pacientes com instabilidade hemodinâmica, como alteração nos níveis de pressão arterial).

As catecolaminas estudadas foram a noradrenalina, a dopamina e a dobutamina. Os resultados provaram que os enfermeiros têm um conhecimento superficial destas substâncias, mas quando perguntados sobre questões mais específicas, como as reações adversas de uma das substâncias químicas, os níveis de acertos são baixos.

A dopamina foi a droga cujos enfermeiros mais acertaram a resposta. No entanto, quando processada no organismo, a noradrenalina é transformada em dopamina. “Níveis tão desiguais de conhecimento destas duas substâncias demonstram que o aprendizado é provavelmente empírico, ou seja, ao longo da vida profissional sabe-se que tal droga reage de determinado modo, mas não há o conhecimento do mecanismo de ação”, afirmou Nishi.

A pesquisa foi aplicada pelo chefe de enfermagem de cada uma das unidades, sem que houvesse identificação dos participantes. A média de idade era de 35 anos, e o tempo de formado ia de 1 a 29 anos. Não houve diferença na quantidade de acertos entre aqueles formados há mais ou menos tempo. Esta variação também não aconteceu entre aqueles que tinham pós-graduação. A pesquisadora constatou, através desses indicadores, que a medicação em geral causa medo no enfermeiro, já que foi estudada na graduação. “Este estudo provavelmente pode ser estendido a outros medicamentos e outras áreas”, disse Nishi.

Perguntada sobre o que seria feito desses resultados, a enfermeira respondeu que estes dados já haviam sido encaminhados para o Serviço de Educação Continuada do hospital, e ali serão montados grupos de estudo. No entanto, Nishi ressaltou a importância da troca de informações e da conscientização do profissional para diminuir esta lacuna na formação.

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