ISSN 2359-5191

17/06/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 55 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Questão palestina marca o aniversário do estado de Israel

São Paulo (AUN - USP) - Desde sua criação em 1948 — e mesmo antes disso — o estado de Israel esteve envolvido em uma grande série de polêmicas, que envolvem desde a legitimidade de sua criação ao tratamento que o estado dispensa aos palestinos, alojados dentro de seu território. Portanto, não é de se espantar que o tema mais discutido em seu aniversário de 60 anos de criação seja o conflito entre judeus israelenses e palestinos, que disputam o território onde o estado se estabeleceu. Em debate na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, o historiador Peter Robert Demant, o professor de Literatura Árabe Paulo Farah, e o cientista político Leonel Itaussu expuseram suas visões do conflito, e defenderam diferentes soluções, mas sempre rejeitando veementemente a violência que impera na região.

Para Demant, que viveu em Israel e dedicou boa parte de sua vida acadêmica ao estudo da questão palestina, o conflito ameaça a legitimidade e a própria existência do estado de Israel. Judeu nascido na Holanda, ele acredita, assim como os demais debatedores, que não se trata de um embate religioso. “É um conflito entre países, não entre religiões, o que seria impossível de se resolver.” Para Peter, as negociações para solução do conflito foram “seqüestradas” por extremistas dos dois lados. Ele lembrou da discriminação sofrida pelos palestinos que vivem entre a população israelense, e defendeu a possibilidade deles servirem como uma ponte nas negociações entre os dois povos.

Leonal Itaussu aproveitou esse exemplo dos palestinos israelenses para propor uma solução no impasse das discussões sobre os colonos judeus que ocupam áreas dentro das fronteiras do que poderia ser um estado palestino. Ele acredita que, assim como existem palestinos vivendo em cidades israelenses, poderiam existir colonos judeus com a nacionalidade de um possível estado palestino. Itaussu defendeu o direito de Israel a estabelecer um estado com identidade judaica, dentro de fronteiras reconhecidas por seus vizinhos, com paz e segurança, mas criticou duramente a política israelense para com os palestinos. Para ele, a derrubada do muro que separa os territórios palestinos das cidades israelenses é um passo imprescindível para que se possa avançar para a criação de um estado palestino, o que ele gostaria que fosse o desfecho do conflito.

Entre os debatedores, Paulo Farah foi o único a defender uma solução binacional, um único estado onde coexistam palestinos e israelenses. Ele trouxe para discussão sua experiência com a memória que os palestinos têm desde a criação do estado de Israel, e a narrativa que eles fazem do conflito. Segundo Farah, é o embate entre as narrativas diferentes entre os dois lados que impossibilita o diálogo, sendo necessário buscar uma que seja comum aos dois povos. Ele defendeu a existência de uma identidade palestina muito anterior à desocupação britânica na região, que possibilitou o surgimento de Israel. Alguns estudiosos defendem que antes desse momento não havia um povo palestino, algo que definisse sua identidade.

Para os debatedores, essa visão palestina do conflito tem ganhado espaço na opinião pública internacional. Israel esteve no centro das atenções mundiais desde o momento de sua criação, e entre os motivos para isso está a existência de Jerusalém. A cidade é um centro sagrado para as três grandes religiões monoteístas do mundo, o judaísmo, o islamismo e o cristianismo. Dentro de um único estado binacional, ou dividida entre um estado judeu e um palestino, Demant, Itaussu e Farah concordam que ela deve ser um exemplo de convivência e respeito entre diferentes povos. A exemplo do debate, entre discordâncias e entendimentos pode surgir daí algo enriquecedor para ambos os lados.

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