ISSN 2359-5191

14/07/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 70 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
A arte que luta pela democracia

São Paulo (AUN - USP) - Durante os anos 1960-70 o enrijecimento dos regimes políticos na América Latina, e em vários outros países, levou os militantes das causas democráticas a questionamentos e dúvidas sobre qual seria a atuação apropriada. Muitos artistas dividiram-se entre suas criações e a luta armada, enquanto os governos limpavam filmes e galerias de arte. A censura foi usada na tentativa de enfraquecer os movimentos culturais e desestabilizar os grupos de luta, tanto artística quanto armada.

Os sociólogos Marcelo Ridenti e Paulo Menezes debateram a questão em mesa promovida pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP) e levantaram aspectos da produção artística e cultural da época. Os artistas passaram a lutar pela democracia sonhada com suas produções, questionando o poder instituído através de palavras, imagens e canções, que eram ferozmente censuradas.

Muitos artistas desistiram da arte e foram batalhar nos movimentos armados, outros persistiram, sendo censurados e tendo, muitas vezes, o mesmo destino dos guerrilheiros. A morte se tornou algo próximo e palpável para essa geração de artistas, as escolhas eram poucas e o exílio se tornava uma boa opção para se continuar produzindo cultura de contestação em um ambiente de liberdade.

Países como o México ofereciam apoio e exílio aos artistas foragidos do Brasil e de outros paises da América Latina. Eram lugares seguros para se produzir conteúdo censurado nos países de origem, onde a produção era tratada de forma hostil e, muitas vezes, tinha elementos retirados. Nos filmes era nítida a limpeza de imagens: elementos sexuais ou de violência eram tirados e/ou tratados de forma que se tornassem engraçados.

A censura cultural foi usada como arma pelos regimes, da mesma forma que os artistas procuravam fazer o mesmo com a arte em favor de suas causas. A produção cultural brasileira de toda a geração de 1970-80 foi marcada pela repressão e lutou pela idéia de que não era possível viver em meio a tanto horror. O vocabulário artístico voltou-se para a desmoralização dos interditos do poder: as mensagens subliminares eram quebradas e transformadas em arma contra os próprios regimes de opressão.

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