ISSN 2359-5191

17/07/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 73 - Educação - Faculdade de Educação
Provinha é aplicada em todo o Brasil

São Paulo (AUN - USP) - A Provinha Brasil, exame criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC, pretende identificar problemas na alfabetização de crianças de 6 a 8 anos de escolas do ensino fundamental de todo o país. O objetivo é verificar se os alunos da rede pública são realmente alfabetizados aos 8 anos.

No caso de diagnosticado algum problema ou insuficiência por parte do aluno a escola deverá oferecer aulas de reforço. Em 2007 a Provinha Brasil foi aplicada pela primeira vez, sendo realizada por mais de 20 mil crianças em 12 estados. Essa primeira prova foi um pré-teste que serviu para o Inep montar uma escala de avaliação.

Além de ajudar o aluno, o exame também auxilia professores e coordenadores do ensino fundamental, que podem adequar o currículo escolar e o planejamento de aulas levando em conta as necessidades das crianças. O teste é composto por 24 questões de múltipla escolha e três questões discursivas para verificar a habilidade de escrever palavras e frases. O material para os professores aplicarem a prova está disponível para download no site do Inep desde março.

De acordo com a coordenadora-geral do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Luiza Massae Uema, a sugestão é que a prova seja aplicada no começo do ano para que possam ser feitas as intervenções na aprendizagem da criança e outra no fim do ano, para acompanhar a evolução do aluno.

A primeira aplicação da Provinha começou no dia 2 de junho deste ano e cerca de 230 mil alunos já passaram pela avaliação, mas ainda não há notícias sobre os resultados já que o exame serve para um diagnóstico específico e um acompanhamento pessoal do aluno, assim, não é necessário que os resultados sejam repassados ao MEC.

A Provinha Brasil foi criada pelo governo federal dentro do Plano de Metas “Compromisso Todos pela Educação”, que estabelece um conjunto de diretrizes para que União, Estado, Distrito Federal e Municípios, trabalhem juntos pela melhoria da qualidade da educação básica.

O exame, porém, gera algumas discussões. Esther Pilar Grossi, professora e fundadora do Grupo de Estudos Sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), diz que “a Provinha tem várias inadequações, sendo a mais grave delas refletir a idéia de que se aprende do mais fácil ao mais difícil, do ponto de vista do conteúdo, e não por meio de campos conceituais”, além disso, ainda segundo a professora, é um grande equívoco aplicar práticas de prolongamento do tempo de alfabetização para dois anos, como prevê o Guia de Correção da Provinha Brasil.

Já a professora Lisete Arelaro, da Faculdade de Educação da USP (FEUSP) tem outros argumentos contra a Provinha: “quando observo 200 escolas usando programas de ensino absolutamente idênticos, me apavoro. Não é possível um sistema em que o professor fale e o aluno responda da mesma maneira no Amapá, em Minas ou no Rio Grande do Sul. Esse caminhar em nome de uma suposta competência para uma formação básica comum dos brasileiros é blábláblá. Caminha-se, isso sim, para um currículo único dando um padrão de classe média disciplinado, obediente, dentro de uma lógica para o conjunto da população brasileira. É engano achar que isso significa qualidade de ensino e melhoria dos resultados no SAEB, Provinha Brasil, esse número infernal de provas. Infelizmente, falamos muito em multiculturalismo, mas no fundo há uma expectativa do professor de que seu grupo de alunos reaja da mesma maneira aos exames aplicados. Essa discussão me preocupa quando penso nas escolas de periferia. Esse material pronto não tem a ver com os nossos alunos. Tenho medo disso”, diz.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br