São Paulo (AUN - USP) - A equipe do professor Ernani Pinto, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, ajudou a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) a monitorar as algas presentes nos reservatórios de abastecimento de água da cidade. O crescimento acelerado de algas pode gerar produção de toxinas que colocam a saúde da população em risco. O grupo coordenado pelo professor desde 2003 também faz análises de rotina para a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
A pesquisa da FCF tem como objetivos descobrir por que as algas produzem toxinas, identificá-las e reproduzi-las em laboratório para desenvolver métodos de monitoração. Ainda não se sabe por que as toxinas são produzidas, mas a hipótese mais aceita é a de que as toxinas são um mecanismo de defesa das algas. O problema se agrava nas águas próximas à cidade porque os mananciais estão contaminados por esgoto doméstico, e nas lavouras, em virtude dos fertilizantes. O excesso de esgoto e fertilizantes é uma fonte de alimento extra para as algas e, por isso, ocorre a sua floração.
A presença de algas nos reservatórios é um problema crônico e, durante a monitoração da equipe do professor Ernani, a quantidade de cianobactérias tende a aumentar no verão. Para eliminar o risco que elas trazem à população, o tratamento de água feito pelas companhias costumam ser o suficiente. A legislação, desde março de 2004, obriga as companhias de abastecimento a monitorar as toxinas em água para consumo humano. Desde antes, porém, as companhias já se preocupavam com a presença das algas porque elas produzem substâncias, não tóxicas, com odor e gosto desagradável.
Já houve, no entanto, acidentes com as toxinas. O mais grave ocorreu em 1996, em Caruaru (PE), quando cerca de 50 pessoas que estavam fazendo hemodiálise morreram intoxicadas. As toxinas têm características hepatotóxicas (afetam o fígado) e neurotóxicas (afetam o sistema nervoso). Não se sabe se o efeito dessas toxinas no organismo é cumulativo. A quantidade aceitável delas pela legislação hoje é a de um micrograma por litro de água.