São Paulo (AUN - USP) - A produção de energia a partir do capim-elefante, com alta rentabilidade e grandes vantagens ecológicas, é uma idéia que pode resolver os futuros problemas energéticos. Numa pesquisa coordenada pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), essa gramínea, que chega a ter quatro metros de altura e a grossura de uma cana-de-açúcar, mostrou-se até sete vezes mais produtiva que o eucalipto, árvore normalmente utilizada para a produção de carvão.
O capim-elefante substituirá o carvão vegetal na produção de energia. Ele é colhido, secado em estufas e queimado em fornos. Pode ser aplicado nas mais diversas finalidades como olarias e fábricas de cerâmica. Uma fábrica de cimento já se interessou por substituir o óleo combustível que utiliza por capim. "Fizemos um teste em uma olaria de Mogi Mirim e estava indo tudo muito bem, só que faltou capim. Fizemos um anúncio "compra-se um caminhão de capim" mas o pessoal da cidade achou que era brincadeira", conta a pesquisadora Mari Katayama.
E o descrédito na geração de energia com o capim impede uma rápida difusão do método. Os cientistas tiveram a idéia de usar o capim-elefante quando notaram os altos índices de massa seca combustível que ele gera, dado que consta na literatura específica há décadas. "É algo muito evidente o potencial do capim-elefante. Mas às vezes, coisas óbvias, justamente por serem óbvias, demoram 20, 30 anos até serem utilizadas" comenta Vicente Mazzarella, diretor técnico do IPT.
Segundo Mazzarella, no futuro será possível fazer uma espécie de Pró-Álcool com o capim, só que sem subsídios do governo. É uma alternativa de energia ecológica, já que o capim é renovável, e não esgota o solo como a cana. Com ele, é possível adubar o solo com determinados tipos de bactérias e não com produtos químicos. Existe ainda um projeto de adubá-lo com esgoto doméstico, o que pode criar uma solução de saneamento.