São Paulo (AUN - USP) -Compor requer muito mais do que inspiração. Foi isso que Sérgio Freire, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), demonstrou no III Seminário de Música, Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo (USP). Freire falou da dificuldade de compor Anamorfoses, peça para percussão e eletrônica que tem como instrumento principal o vibrafone (aparelho musical com diversas teclas de metal montadas sobre tubos, que servem para amplificar o som). Para criar essa peça, Freire teve que utilizar conhecimentos em física, mais precisamente em acústica, a fim de calcular ajustes nas freqüências e prolongar artificialmente notas musicais. O maior desafio de Anamorfoses foi ampliar os recursos timbrísticos do vibrafone.
A idéia de compor Anamorfoses surgiu do convite do percussionista Fernando Rocha, que estava fazendo doutorado na McGill University no Canadá, e precisava de uma peça para apresentar no recital final. O professor da UFMG destacou a importância do percussionista estar em uma universidade com grande produção na área de música e novas tecnologias, que oferece condições ideais de ensaios com equipamento e técnicas adequados, o que permitiu que Freire e Rocha criassem a peça de maneira interativa. A interatividade, aliás, é a palavra-chave de Anamorfoses. A execução dessa peça exigiu de Rocha muito mais do que uma boa leitura e conhecimentos técnicos. Segundo Freire, Anamorfoses só consegue ser bem-sucedida porque é fruto da colaboração entre o compositor e o percussionista desde o processo de criação até a realização.