São Paulo (AUN - USP) - No tratamento contra a tuberculose, os pacientes sempre foram obrigados a enfrentar outro problema, além da própria doença: a baixa qualidade dos medicamentos de uso popular. Visando contornar este obstáculo, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT/USP), em parceria com o laboratório Farmanguinhos, está desenvolvendo um projeto cujo objetivo é analisar as causas da eficiência insatisfatória destes remédios, para então, encontrar meios de aprimorá-los.
Segundo a pesquisadora, Maria Inês Ré, este projeto partiu de uma iniciativa do próprio IPT, como cumprimento de sua missão de identificar e solucionar “gargalos” tecnológicos que possam implicar em impactos sociais e, como neste caso, afetar a saúde pública.
O grande problema que comprometia o efeito dos remédios nos paciente era a baixa qualidade das matérias-primas utilizadas em sua fabricação. Como conseqüência, as propriedades físico-químicas do princípio ativo sofriam alterações e sua ação era prejudicada. Tendo sua base nestes medicamentos, todo o tratamento tornava-se também ineficaz.
Inês Ré afirma que um dos grandes entraves advém das dificuldades encontradas pelos laboratórios públicos em controlar, na compra, os tipos de matéria-prima, pois esta é inteiramente importada por licitações. Isso acaba por lesar os milhares de pacientes que ainda dependem da oferta de tratamento gratuito pelos órgãos do Estado.
As pesquisas conduzidas pelo IPT procuram, portanto, identificar todas as falhas no funcionamento dos medicamentos atuais e, então, estabelecer uma série de características que deverão, futuramente, ser exigidas das matérias-primas utilizadas. Com esses dados, os laboratórios públicos poderão impor um maior rigor na análise de suas importações e, conseqüentemente, aperfeiçoar a fabricação e o desempenho de seus produtos.