São Paulo (AUN - USP) -A televisão, o computador e o cinema deixam de competir pela atenção dos alunos com os estudos para servirem de suporte ao ensino, mostram resultados de pesquisas sobre tendências da entrada dessas tecnologias nas salas de aula de Química. O motivo para essa propensão está no aumento da disponibilidade de equipamentos nas escolas, afirmou o professor Agnaldo Arroio, da Faculdade de Educação da USP.
O Ensino Superior aparece como o nível escolar que mais utiliza recursos audiovisuais no ensino de Química, seguido pelo Ensino Médio e, por fim, o Fundamental. No primeiro, os trabalhos são voltados para a formação de professores, a fim de dimensionar suas habilidades por meio da discussão de alternativas metodológicas para o ensino da disciplina, dando ênfase à utilização de materiais adequados em sala de aula. No Ensino Médio e Fundamental, a utilização de vídeos e animações em classe gera o interesse dos alunos e funciona como complementação da aula teórica.
Segundo os dados gerados pela pesquisa, a região do Brasil que apresentou maior porcentagem de uso desses recursos no ensino de Química foi o Sudeste, com 61,64%; seguida pelo Sul, com 24,66%; Nordeste, com 8,22% e Norte e Centro-Oeste, ambos com 2,74%. O professor Arroio atribui essa concentração no Sudeste principalmente ao PIB local, que possibilita a inclusão dos aparelhos tecnológicos nas escolas. “As secretarias da educação e as agências estaduais de fomento das regiões que apresentaram maiores porcentagens são mais fortes”, diz ele. A maior parte dos trabalhos audiovisuais gerados no Sudeste são produzidos pela USP, Unicamp, Unesp e UFMG.
Embora seja de grande utilidade na complementação do ensino, é necessário que os professores sejam devidamente orientados sobre como usar os recursos, para que se alcance os resultados esperados. Arroio comentou que, muitas vezes, os professores recebem o material, mas não sabem como aplicá-lo em sala de aula e acabam usando para o próprio aprendizado. Posteriormente, repassam o que aprenderam aos alunos, porém sem a exibição dos vídeos, porque têm receio pelo fato de não dominarem completamente o conteúdo que é mostrado. “O professor tem que ser preparado para desconstruir e reconstruir o material, de forma que este não seja usado somente para a realização de uma vídeo-aula, na qual o professor coloca o material para os alunos assistirem, sai da sala e depois pede a eles que escrevam o que entenderam. Mas deve funcionar como vídeo-motivador, vídeo-apoio”, afirma Arroio.