ISSN 2359-5191

30/09/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 95 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Morte de tecladista britânico suscita discussão sobre sucesso na música

São Paulo (AUN - USP) -Atualmente, o fluxo de informações que nos é fornecido é muito maior do que o de tempos atrás. Se na música havia um estilo que era definido como mainstream – o estilo preferido pelas massas – de antigamente, hoje em dia esse conceito é relativo e várias vertentes de um mesmo som convivem com o sucesso. Mas esse sucesso de hoje é diferente daquele de antes, segundo Paulo de Tarso Salles, professor de Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

Para o professor, hoje em dia o sucesso dos grupos musicais é medido muito mais a partir da imagem do que a partir do som, o que ele lamenta. Isso faz com que várias tendências ocupem o mesmo espaço, o que não quer dizer que a qualidade musical aumente com a competição, pois a complexidade sonora é colocada em segundo plano.

Um dos exemplos que ilustram este cenário é a banda britânica Pink Floyd. Agregando elementos de jazz, blues e música erudita em suas canções, o grupo fez parte do mainstream nos anos 70, com álbuns como The Dark Side of the Moon, um dos mais vendidos da história, e The Wall. A partir dos anos 80, sua sonoridade mudou para se adequar ao que a época exigia. Foi quando começou a derrocada da banda.

Essa mudança de estilo é decorrente de uma pressão da indústria fonográfica, cada vez maior atualmente. “O rock progressivo perdeu muito com isso”, lamenta o professor Salles. Rock progressivo é um estilo musical criado no final da década de 60, quando principalmente o jazz e a música clássica fundiram-se ao rock. É conhecido por seu som eclético e seus arranjos complexos. “Assim, é freqüente encontrarmos elementos de música eletrônica e concreta de Stockhausen em certas passagens de Pink Floyd e Yes, por exemplo”, lembra o professor.

Outra característica do rock progressivo é o uso de instrumentos eletrônicos como os teclados. No Pink Floyd, quem assumiu o controle do instrumento foi Richard Wright. O músico faleceu no último dia 15 em Londres, acometido por um câncer. Ele também se revelou um compositor inventivo e foi essencial para a composição dos álbuns da banda na primeira metade da década de 70, principalmente – entre eles, trilhas sonoras de filmes como Zabriskie Point, do diretor italiano Michelangelo Antonioni. “O Pink Floyd tinha sonoridade única, límpida, com texturas bem divididas entre guitarras e teclados”, explica o professor da ECA.

A morte do tecladista suscita novamente a discussão sobre o sucesso na música. Hoje em dia é muito difícil algum artista ser sucesso de crítica e público, como o Pink Floyd conseguiu ser no fim dos anos 70. O professor Salles lamenta, e alerta: “o conceito de sucesso tem de ser revisto”.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br