São Paulo (AUN - USP) -Ainda é grande a carência de material paleontológico em escolas de segundo grau e universidades brasileiras, pois o Brasil apesar de ser um país de grande extensão territorial e rico em terrenos sedimentares, onde se formam os fósseis, apresenta uma quantidade reduzida desse material, o que dificulta o trabalho de pesquisadores e especialmente de professores. A Oficina de Réplicas do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP) trabalha na confecção de réplicas de fósseis que visam suprir a falta de tal material em sala de aula. A oficina não tem fins lucrativos, utilizando a verba das vendas para aquisição de novos materiais.
As réplicas feitas na oficina são fabricadas a partir de um molde de silicone de alta precisão, que preserva todos os detalhes do fóssil verdadeiro. Depois disso a versão artificial é confeccionada em resina, colorida e envernizada. O valor didático do material, porém, estará ligado a forma como será manuseado e acondicionado tanto por professores quanto por alunos. “Uma apostila contendo informações sobre os fósseis, sua idade, a que ser pertencia (animal ou vegetal), em que lugar foi encontrado e instruções sobre como manter as réplicas sempre acompanha a coleção de fósseis” diz Diego Hernane, aluno da Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental (LIGEA) que trabalhou como estagiário da Oficina de julho de 2007 a julho deste ano.
Na oficina de réplicas, criada pelo paleontólogo Luiz Eduardo Anelli, são produzidos basicamente dois tipos de fósseis: Os restos e os vestígios. Os primeiros são provenientes da fossilização de partes duras, como os ossos, ou moles, como os tecidos provenientes dos corpos dos animais enquanto que os vestígios, também chamados de icnofósseis ou fósseis traço, são apenas marcas da atividade ou presença dos organismos em determinado região, como pegadas ou até excrementos, preservadas na rocha.
A Oficina produz réplicas de fósseis de espécies que viveram desde a Era Paleozóica, há cerca de 570 milhões de anos atrás, porém grande parte dos fósseis produzidos são de dinossauros e animais que conviveram com esses répteis. Contudo, espécies mais recentes, como é o caso do mamute, que tem seus dentes reproduzidas pelas réplicas, também fazem parte dos produtos disponibilizados pela Oficina.
As escolas e universidades são as instituições que mais adquirem os produtos da oficina, especialmente para o ensino de Biologia e Geociências, visando facilitar a compreensão de temas como a evolução das espécies ou a movimentação dos continentes. Entre as mais vendidas estão os dentes e garras de animais, porque são atraentes para os alunos e baratas em relação a alguns outros itens.