ISSN 2359-5191

09/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 101 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
1968 Vou Ver discute cultura no período da ditadura militar

São Paulo (AUN - USP) -Em 1968, o Brasil vivia um cenário crítico. De um lado, a intensa atividade contracultural do período ditatorial; do outro, a censura militar que, quatro anos depois do golpe, ficava cada vez mais forte. Nesse contexto, ocorria a Batalha da Maria Antonia, uma luta, na rua de mesmo nome, entre os estudantes da Faculdade de Filosofia da USP e alunos da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Quarenta anos mais tarde, as discussões sobre a cultura do período voltam ao antigo prédio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, onde hoje existe o Centro Universitário Maria Antonia - CEUMA.

Iniciada na noite de 6 de outubro, a semana 1968 Vou ver busca discutir e repensar o legado cultural de um período emblemático para a história brasileira. Com exposição de fotografias — muitas delas inéditas — dos conflitos que envolveram estudantes nas imediações de onde hoje se localiza o CEUMA e prometendo exibição de filmes sobre a ditadura militar e debates com quem viveu a época mais difícil da censura e repressão política, a abertura do evento contou com a presença de nomes importantes, como Paulo Vannuchi, ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, José Gregori, presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos e Alípio Freire, jornalista, escritor e aposentado político.

O ministro Paulo Vannuchi acredita que nunca é tarde para rever os fatos, sem sentimento de revanche. “A maior vingança é a luz. Os opressores e os torturadores, assim como os vampiros derretem sob a luz”, afirma. Além disso, ressalta a importância de apresentar ao público um 68 diferente, focado no comportamental, enquanto a maioria das discussões se dá no âmbito da militância política, ignorando a cultura da época.

De acordo com Rosa Iavelberg, diretora do Centro Universitário Maria Antonia, a semana tem como principal objetivo “preservar a memória para evitar que os acontecimentos se repitam ou caiam no esquecimento”. Este ponto de vista é compartilhado pelo escritor Alípio Freire, que afirma que “o que não se simboliza, morre”, ressaltando a importância de manter fresco na memória o terror do período.

Programação
O evento acontece até sexta-feira, 10 de outubro, com debates com alguns nomes importantes todas as noites às 20 horas. No dia 8, a semana conta com a presença de autores de algumas das pesquisas e reflexões sobre os “anos de chumbo” e seus desdobramentos na palestra Nós escrevemos. No dia seguinte, será apresentado um quadro dos principais autores que mobilizaram os debates ideológicos dos anos 60 na palestra Nós lemos. Por fim, no último dia tem espaço um panorama da intensa movimentação em diversas áreas da cultura no final dos anos 60, incluindo artes visuais, o cinema, a música popular e o teatro na palestra Nós fizemos arte.

Durante as tardes também serão exibidos filmes sobre a ditadura militar. Alternando alguns curtas e longas, de diretores como Renato Tapajós Silvio Da-Rin e Peter Overbeck, o evento 1968 Vou Ver tenta dar uma idéia sobre o período por meio do audiovisual. A programação completa pode ser encontrada no site www.usp.br/mariantonia.

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