ISSN 2359-5191

10/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 102 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Proliferação de Cianobactérias, controlada no Brasil, é problema mundial

São Paulo (AUN - USP) -Cinqüenta e dois mortos. Esse é o saldo do acidente por contaminação de cianobactérias mais grave do mundo. Foi no ano de 1996, em Caruaru (PE), na época um hospital da cidade usou no tratamento de hemodiálise água contaminada por microcistinas tóxicas. Desde a tragédia, começou no país um controle sanitário muito mais rigoroso da multiplicação desses microorganismos.

Apesar de algumas dessas cianobactérias poderem ser letais, o professor Ernani Pinto, especialista da área, faz questão de enfatizar que "não há riscos para a população, há um controle dessas toxinas e de várias outras". O professor é pesquisador do Departamento de Análises Toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, e é especializado, entre outras coisas, no estudo de "blooms", que são justamente esses excessos de cianobactérias em ambientes aquáticos. Segundo o professor, o Brasil é um dos poucos países no mundo onde existe um controle rígido e seguro dos níveis desses materiais orgânicos: "Hoje existe uma portaria do Ministério da Saúde que exige que se faça o controle dessas e de várias outras substâncias (...) essas agências (de tratamento de água) estão atentas e são obrigadas a fazer isso por lei".

O problema, segundo o professor, é mundial, e tem causas que podem ser muito facilmente explicadas: "Essas Cianobactérias estão naturalmente em qualquer ambiente aquático, em algumas condições como a de liberação de esgoto sem tratamento, uso de fertilizantes, isso acaba sendo um nutriente extra. Com essa fartura de nutrientes essas algas crescem desordenadamente, é um fenômeno chamado de floração", há conseqüências muito diversas para a contaminação por toxinas, em água doce essas toxinas podem alterar o sabor da água, além de provocarem danos a longo prazo, como o câncer hepático. Em água salgada, o crescimento desordenado de microalgas pode ser bem mais grave: elas podem acumular-se na calha de moluscos filtradores, a ingestão desses frutos do mar pode causar diarréia, amnésia e até mesmo o óbito, entre muitas outras doenças.

Apesar de ser um problema enfrentado até mesmo pelos países desenvolvidos, a situação agrava-se com o subdesenvolvimento: "é um problema mundial, mas ele é muito mais grave em países subdesenvolvidos porque não há controle de esgoto doméstico". No Brasil, o trabalho do Laboratório de Análises Toxicológicas da USP tem sido muito importante para o controle desses organismos nocivos: "a Faculdade de Ciências Farmacêuticas faz a análise de toxinas, já fizemos análises para a Sabesp, para a Cetesb, também para algumas companhias que vendem água e refrigerante". Para detectar a existência e a concentração de cianobactérias em água, alguns métodos relativamente avançados são utilizados: "temos uma técnica chamada de imuno-ensaio, baseada em um anticorpo contra essa toxina, mais ou menos parecidos com um teste de gravidez. É um método qualitativo, ele não diz quanto tem. Para mensurar quantidade a gente precisa de métodos mais complexos como Espectômetro de Massa, um equipamento bem sensível que nós temos aqui", afirma Ernani.

Visando à ampliação e ao aperfeiçoamento do estudo desse material tóxico, a Faculdade de Ciências Farmacêuticas tem desenvolvido, desde 2006, uma parceria com a Universidade de Jena, na Alemanha. Além do intercâmbio de estudantes, são trocadas informações sobre avanços no estudo de cianobactérias que agem especificamente nos ambientes brasileiros e alemães.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br