São Paulo (AUN - USP) -Quando construídos em terrenos impróprios para esse uso e mal operadas as necrópoles podem provocar a contaminação de mananciais hídricos por microrganismos que proliferam no processo de decomposição dos corpos. Se aqüíferos forem atingidos as bactérias e os vírus podem fluir para água de poços rasos construídos em regiões próximas aos cemitérios, podendo trazer diversos riscos à saúde daqueles que a consumirem. “Na implantação de cemitérios tradicionais devem ser levadas em consideração as características geológica, geotécnicas e hidrogeológicas. Deste modo, os cemitérios serão apenas um risco potencial para o ambiente”, diz o professor Alberto Pacheco, do Igc – USP.
Todas as necrópoles são um risco para o meio ambiente, porém nem todas são suspeitas de contaminação. Nas áreas urbanas é maior o risco de que as águas de menor profundidade sejam poluídas por microorganismos provenientes da decomposição dos corpos seja consumida pela população, devido à proximidade entre as residências e os cemitérios mal planejados. Contudo, as necrópoles podem ser construídas e operadas em áreas urbanas desde que, durante sua construção, sejam tomados todos os cuidados necessários para se evitar posteriores danos ao meio ambiente. Para isso, é importante que se faça uso de tecnologias que permitem o correto acondicionamento dos corpos em caixões e sepulturas, assim como, das que ajudam no processo de decomposição. “Um cemitério bem projetado em termos ambientais, sanitários e estéticos e, adequadamente operado pode ser implantado no contexto urbano”, completa Pacheco.
As principais fontes de contaminação das águas subterrâneas no cemitério são as sepulturas com menos de um ano, localizadas nas cotas mais baixas, próximas ao nível freático. Nestes locais, é maior a ocorrência de bactérias em geral. “Os corpos quando sepultados se decompõem por ações químicas e biológicas. Durante este período há liberação de líquidos que transportam componentes químicos e microorganismos que podem penetrar no solo e atingir as águas subterrâneas”, afirma Pacheco. As sepulturas ainda provocam um acréscimo na quantidade de sais minerais, aumentando a condutividade elétrica destas águas.
Quando contaminada a água pode carregar diversos tipos de bactérias e vírus que causam doenças graves como a febre tifóide e paratifóide e a poliomielite. As bactérias diminuem em concentração conforme aumenta a distância entre a fonte de contaminação e o local de captação da água. Os vírus, porém, resistem por um caminho mais longo.