ISSN 2359-5191

20/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 108 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Trabalho de geólogos ajuda a localizar camada pré-sal

São Paulo (AUN - USP) -A descoberta da camada pré-sal está ligada a muitos estudos realizados por geólogos, que mapeiam, medem e, principalmente, estudam as características geológicas da região com potencial a ser explorado. “O que o geólogo faz é tentar reconstruir a história geológica da região a fim entender a origem das rochas prever quais são os pontos onde se encontrará petróleo, pois fazer uma perfuração sem tal planejamento pode levar a perda de centenas de milhões de dólares” diz André Sawakuchi, professor do Instituto de Geologia da Universidade de São Paulo (IGc-USP).

O trabalho com ondas sísmicas é o principal instrumento que os geólogos têm para pesquisar se há petróleo ou não em determinado local. A onda sísmica retorna toda vez que encontra um ponto de contato entre dois materiais diferentes. A exatidão dessa técnica, porém, é limitada conforme aumenta a profundidade. Porém, como o sal é muito diferente das demais rochas uma grande parte dessa onda retorna e é possível determinar com mais precisão a localização das jazidas. “O que melhorou nos últimos 10 anos é a qualidade das imagens obtidas através do trabalho com as ondas sísmicas, o que permitiu que fossem feitas perfurações com menor possibilidade de erro”, explica Sawakuchi.

Todas as descobertas de petróleo anteriores ao pré-sal estão acima dessa camada.O que foi denominado sal é uma espessa camada de nitrato de sódio que se localiza acima da rocha geradora do petróleo, que foi formada por areia e lama de lagos existentes no período anterior a separação dos continentes americano e africano. Essa rocha é ideal para manter o petróleo nas chamadas armadilhas, que são locais de onde ele não consegue penetrar em outras partes da rocha, pois são muito impermeáveis, impedindo que o petróleo suba para a superfície. “Do ponto de vista geológico não é nenhuma aberração da natureza existirem reservas abaixo da camada de sal. A exceção é existir petróleo acima dessa camada”, diz Sawakuchi.

A camada pré-sal se estende por cerca de 800 quilômetros entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo. Estima-se que esse petróleo esteja a aproximadamente sete mil metros de profundidade. O petróleo da camada pré-sal é melhor, em termos de qualidade, pois está situado em uma camada mais profunda da superfície terrestre. Em uma maior profundidade a degradação provocada por bactérias ou pelo contato com o oxigênio é menor, o que diminui a perda dos componentes mais leves do petróleo, que são os mais valiosos.

A capacidade de produção da camada pré-sal ainda é incerta, mas estima-se que varie de cinco a oito bilhões de barris, número considerável já que a expectativa de produção de todas as reservas brasileiras descobertas até agora é de 13 bilhões de barris. A quantidade de petróleo na camada pré-sal então seria suficiente para tornar o Brasil um exportador do produto. “Em termos de volume de petróleo o nosso consumo será suprido e ainda haverá sobra, dai depende do interesse do governo exportar ou não” diz Sawakuchi. “Mesmo com um gasto inicial alto o volume de petróleo a ser explorado é muito grande, por isso é possível cobrir esse gasto no futuro” finaliza.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br