São Paulo (AUN - USP) -Era o distante ano de 1935. A Universidade de São Paulo (USP), hoje um dos mais respeitados centros de ensino e pesquisa da América Latina, ainda engatinhava seus primeiros passos. Claude Lévi-Strauss, então um mero professor de colégios de Mont-de-Marsan e Laon, ex-estudante de Direito - que não concluiu - e Filosofia na Sorbonne, aportava por estas bandas para iniciar sua carreira no ensino superior, o que faria por aqui até 1938.
Passados 73 anos, o ciclo de conferências e palestras “Sentidos de Lévi-Strauss” tem caráter duplamente comemorativo. Aproveitando seu aniversário de 75 anos, a USP celebra, também, o centenário do antropólogo francês, lançando uma reflexão ampliada de sua obra que, mesmo sendo de caráter originalmente voltado à antropologia, teve influência notável em outros campos do conhecimento, tais como a crítica literária, as artes, a filosofia e a psicanálise.
O evento, que começou no dia 9 de outubro e vai até o dia 11 de novembro, abrigará palestras semanais, que serão encerradas com um recital – cujo repertório compreende músicas da predileção do autor -, leitura comentada de trechos de seus livros e uma exposição fotográfica. Dividindo-se entre o Centro Universitário Maria Antônia (CEUMA) e o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), toda a programação pode ser conferida no site do Departamento de Antropologia (www.fflch.usp.br/da), e parte dela – a que ocorrerá no IEB – será transmitida on-line pela IPTV-USP.
Segundo o antropólogo Renato Sztutman, um dos organizadores do evento, “o objetivo do ciclo é mostrar os impactos da obra de Lévi-Strauss não apenas no campo da Antropologia, mas nas Ciências Humanas como um todo”. Para isso, alguns dos maiores especialistas em atividade, nas mais diversas áreas, estarão presentes. “Interessante notar que o evento começa e termina com dois antropólogos brasileiros, que Lévi-Strauss não cansa de elogiar em suas entrevistas mais recentes”, pondera Sztutman. A conferência de abertura será dada por Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional (URJ) e a de encerramento, por Manuela Carneiro da Cunha, ex-professora da USP e atual professora da Universidade de Chicago (EUA). Além disso, estarão presentes Beatriz Perrone-Moisés e Mariza Wernek, ambas antropólogas.