São Paulo (AUN - USP) -No ano em que se comemora os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), professores da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP discutiram, no seminário 1968: Liberdade e Repressão sobre as verdadeiras utilizações da Declaração. Para a professora Mayra Rodrigues, a declaração acaba por atrapalhar a multiplicidade da comunicação. Ela sustenta as grandes empresas comunicacionais, fazendo com que apenas uma voz seja ouvida: a da grande mídia.
Em concordância com Mayra, a professora Roseli Aparecida Fígaro Paulino disse que toda a DUDH foi elaborada de forma a favorecer a minoria que massacra as vozes dissonantes no mundo. Para ela, não devemos comemorar os 60 anos de uma declaração que não visa à pluralidade social. Mayra destacou que o artigo 19, que cita que “Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.” Para ela, esse artigo não dá o direito pleno de expressão aos comunicadores, que têm que se adequar às mídias existentes, já que não existe espaço para as mídias independentes.
Não é a primeira crítica que a DUDH recebe nos seus 60 anos de existência. Para estudiosos marxistas, a Declaração dos Direitos Humanos é a confirmação das necessidades burguesas do homem, mas não refletem as verdadeiras necessidades inerentes a vida humana, já que se baseia em preceitos capitalistas e consumistas. Outros defendem que a declaração não é válida na medida em que não há um esforço real de se cumprir com os preceitos básicos de liberdade e educação.
A DUDH foi criada em 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em um cenário de pós-guerra, a idéia era que fossem criadas leis que pudessem permitir ao homem o mínimo possível para viver em paz. A declaração foi criada por uma união de pessoas do mundo inteiro, mesmo que com uma menor participação dos países chamados, na época, de 3° Mundo.