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03/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 117 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Imprensa segue empolgação no comportamento eleitoral da sociedade

São Paulo (AUN - USP) -- “Não acredito em manipulações ou ações deliberadas da imprensa”. É com essa frase que Rosana de Lima Soares, professora de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), refere-se ao suposto lobby que diferentes candidatos recebem da imprensa durante as eleições. Apesar de acreditar nisso, a professora defende o combate ao apoio deliberado de candidatos em detrimento de outros, e afirma que a homogeneização do discurso é nociva ao debate público.

Seja a “obamania” que tomou conta dos EUA ou o movimento pró-Gabeira para a prefeitura do Rio de Janeiro, muitas vezes a imprensa se vê sofrendo de uma euforia, manifestada pela empolgação que a novidade traz. No caso de Barack Obama, candidato à presidência no país ianque, o fato de ser negro – o primeiro na história norte-americana a ser indicado pelo partido – e de ser um democrata, após oito anos de domínio republicano, seria decisivo na sua transformação em “queridinho” pela imprensa.

A professora Rosana não acredita em lobby por interesses da mídia, mas sim em uma convergência das opiniões emitidas. Para ela, a imprensa passa a seguir o discurso que a sociedade produz, reunindo aquilo que é desejável tanto ideologicamente como concretamente – o apoio surge da opinião pública e é comprado pela imprensa, e não o contrário.

Uma cobertura unilateral pode afetar a decisão da eleição, pois dificulta o debate e o embate de idéias divergentes, que levariam ao pensamento crítico sobre o assunto – no caso, um de extrema importância. Não se trata de pregar a neutralidade ou a objetividade no jornalismo, ou o informar simplesmente, e sim suscitar discussões nos público leitor.

Se alguns veículos brasileiros seguem a tendência do que acontece nos EUA quanto às eleições presidenciais, não é por causa de interesses diretos dos brasileiros. A professora da ECA acha que se trata de andar a reboque do que se passa na mídia norte-americana, levando-se em conta o entusiasmo em torno da figura de Obama e daquilo que ele representa simbolicamente. “Não se trata apenas de uma política e suas propostas, mas da própria história pessoal dele, como ocorreu por aqui também na época da primeira eleição do Lula”, afirma.

Mesmo sendo da opinião de que não há manipulação deliberada da imprensa, a professora acha que coberturas eleitorais que claramente sejam a favor de um candidato devem, sim, ser combatidas. Entretanto, ela alerta para o caso de esse combate tornar-se censura e mostra uma alternativa de voz destoante: a Internet. Assim, o leitor/espectador tem em suas mãos a responsabilidade de buscar as informações fora dos grandes veículos da mídia. “Creio que esta pode ser uma forma de exercer nossa cidadania”, opina a professora.

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