São Paulo (AUN - USP) - A crise econômica que já namora o Brasil poderá atrapalhar ainda mais a complicada organização da Copa de 2014 no país, deixando o governo Lula em situação delicada. Essa é a análise do professor Waldenyr Caldas, sociólogo e pesquisador sobre futebol da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP).
Segundo o professor, a previsão de recessão devido à crise deixará o governo federal em uma “sinuca de bico”: se Lula descumprir o prometido em relação aos recursos para a organização e infra-estrutura da Copa, será cobrado pela oposição. Por outro lado, se honrar os investimentos prometidos, será criticado por privilegiar a Copa em detrimento de outras áreas. “Ou a crise acaba amanhã ou o governo leva chumbo”, sentencia Caldas.
O governo federal aguarda a definição das dez ou doze cidades-sedes, o que acontecerá até o começo do ano que vem, para fazer uma estimativa dos investimentos públicos para a Copa-2014. Por enquanto, os projetos relacionados à infra-estrutura estão incorporados ao PAC (Programa de Aceleração de Crescimento).
Além dos problemas causados pela crise econômica, o professor cita uma série de outros desafios para a realização da Copa no país. Ele prevê obstáculos na organização, na segurança, na infra-estrutura hoteleira e na qualidade dos estádios. Caldas minimiza a responsabilidade do governo, “que honrará seus compromissos”, mas não poupa a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), lembrando da organização do Mundial de futsal realizado no mês passado, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. “Houve problemas de organização, hospedagem, quadra, deslocamento e segurança de atletas. Se tudo isso ocorreu num mero campeonato de futsal, que dirá numa Copa”, alerta.