ISSN 2359-5191

07/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 121 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Encenação de um tempo não tão distante

São Paulo (AUN - USP) - 'O crime da Cabra' conta a história de uma cabra que movimenta uma cidade do interior a ponto de causar o questionamento das relações de poder entre seus habitantes! E tudo isso porque, prestes a ser vendida, ela come o dinheiro. De quem é a cabra? Quem cometeu o crime? E quem pagará a pena?

‘O Crime da Cabra’ foi o primeiro texto teatral da poeta, dramaturga, crítica e professora Renata Pallotini, escrito em 1962, foi encenado pela Cia. da atriz Nydia Licia, que também havia participado como palestrante do Seminário 1968: Liberdade e Repressão, ocorrido recentemente na Escola de Comunicações e Artes – ECA/USP.

A encenação aconteceu depois de um dia repleto por duas palestras (Roda-Viva e Esta Noite Falamos de Medo) e onze palestrantes. No Teatro Laboratório da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA). A autora também foi palestrante do evento anterior.

Os autodenominados donos da cabra, Deolino e Filinto, armam tanta confusão pela cabra que acabam indo discutir com o delegado. Em meio às risadas sobre a possibilidade de um animal cometer crime e, principalmente, pelas graças e inocências demonstradas pelos donos da cabra e pelo atrapalhado ajudante do delegado, se questiona a validade da justiça do nosso código penal e a realização da justiça para os menos favorecidos no nosso país.

Além disso, no meio dessa confusão toda, uma trama amorosa se desenrola: o Coronel Terso tenta seduzir Romilda, mulher de Deolino. O coronel representa o poder e a classe alta – quando o delegado ameaça prendê-lo, ele retruca que tudo naquela cidade é dele e que, tendo sido ele quem construiu a delegacia, pode muito bem destruí-la.

Quem resolve o conflito é um estrangeiro. Que mesmo sendo cego, viu mais do que todos os habitantes e ajuda a mediar o conflito de maneira justa. Apesar da aparente inocência da forma (que é uma farsa) a peça discute temas ainda atuais, como a propriedade privada, o poder e a justiça.

No final, quase tudo se ajeita: o povoado se dá conta do poder excessivo exercido pelo coronel e se junta contra ele, limitando sua atuação. O cego, que de acordo com o delegado, precisaria mais da cabra, fica com ela. E Deolino e Filinto voltam a ser amigos. A própria autora da peça, Renata Pallotini, reconhece que as confusões e soluções apresentadas são demasiadas simples e diz desejar que o mundo de hoje fosse o que parecia ser na época da peça. "Hoje, no mundo de verdadeiros crimes e verdadeiros venenos, a realidade é mais dura".

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