ISSN 2359-5191

12/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 123 - Educação - Escola de Comunicações e Artes
A criança e a arte
Projeto da USP valoriza produção artística infantil

São Paulo (AUN - USP) -“As mentes das crianças são territórios livres de pré-conceitos, que conseguem se maravilhar ao descobrir cada objeto a sua volta, por isso, sua expressividade artística é tão rica”, diz a professora Elza Ajzenberg. Ela trabalha o desenvolvimento artístico infantil no programa Brincando com Arte, que integra o Projeto Criatividade do Centro Mário Schenberg de Documentação da Pesquisa em Artes da Escola de Comunicações e Artes da USP.

O programa é composto por aulas semanais em que meninos e meninas, de 7 a 12 anos de idade, viajam a seu universo criativo sob a supervisão da professora e de bolsistas da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Embaladas por música clássica, as crianças desenvolvem pinturas a partir da sugestão de um tema - que pode variar de ‘brincadeiras infantis’ a ‘outros planetas’.

Criado em 1993, o Brincando com Arte já atendeu a mais de 500 alunos de escolas públicas e, atualmente, desenvolve-se junto ao Centro Educacional Dom Orione, mantido pela Paróquia Nossa Senhora Achiropita, no bairro da Bela Vista em São Paulo, capital. A participação é uma escolha das próprias crianças, que recebem reforço escolar ou atendimento psicológico na instituição. Segundo Elza, o trabalho tem melhorado o desempenho educacional de muitas delas.

A metodologia aplicada nas aulas valoriza a autonomia dos alunos. “Propomos apenas um tema, nunca colocamos a mão no trabalho deles para que o sintam como algo, realmente, seu; quando pedem alguma orientação, demonstramos em um papel à parte”, explica a professora, após citar a idéia de Albert Einstein de que a curiosidade que conduz à criação precisa de liberdade.

Além de terem “um valor estético e documental insubstituível”, como qualifica Elza, as pinturas produzidas nas aulas são utilizadas em pesquisas do Centro Mário Schenberg, que conta com um acervo de mais de três mil desenhos reunidos ao longo dos 15 anos do projeto.

Por que educação artística?
O valor da arte infantil transcende o campo plástico, pois revela as maneiras como o ser humano descobre e relaciona-se com o mundo. Por isso, o tema recebeu atenção de estudiosos de diversas áreas do conhecimento ao longo do tempo, sendo sempre relacionado, de alguma forma, à educação.

Um dos amantes da arte das crianças foi o escritor Mário de Andrade, que reuniu uma grande coleção de desenhos infantis. Boa parte dela foi recolhida em função de um concurso artístico que promoveu enquanto ocupava o cargo de diretor do Departamento de Cultura da Cidade de São Paulo (de 1935 a 1938), segundo dados levantados pela pesquisadora Márcia Gobbi, em sua tese de Doutorado apresentada na Unicamp. Segundo a pesquisa, o interesse pelos trabalhos das crianças tinha o objetivo de compreender seu universo para melhorar as políticas públicas e educacionais voltadas a elas.

No mesmo sentido, fundamentam-se os projetos do centro que recebe o nome do físico e crítico de arte Mário Schenberg, sempre buscando relações entre arte e ciência. A ligação entre esses dois campos do conhecimento parece inusitada, no entanto, ambos relacionam-se estreitamente ao processo de curiosidade que motiva tanto as pesquisas científicas, como as criações artísticas.

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