São Paulo (AUN - USP) - O jornalista ambiental americano, Peter Lord, afirmou que nos Estados Unidos é comum os editores não terem conhecimento sobre os assuntos de suas editorias. Por isso, os repórteres adotam a conduta de “educate your editor” (educar seu editor), ou seja, atualizá-lo constantemente a respeito dos assuntos de interesse. Durante sua palestra no Auditório Freitas Nobre (CJE – ECA – USP), no dia 27 de maio, Lord também abordou temas como a profissão de jornalista e o jornalismo americano, respondeu perguntas da platéia e deu conselhos sobre o meio-ambiente. Estiveram presentes tanto alunos e docentes do Departamento de Jornalismo da USP quanto da Faculdade Cásper Líbero e Unesp.
Natural de Rhode Island, Lord faz parte da Sociedade de Jornalistas do meio Ambiente e é Diretor de Jornalismo da Universidade de Rhode Island. Durante sua apresentação, apontou algumas críticas aos jornais americanos, como a pouca divulgação dos perigos do tabaco (e, por outro lado, o uso massivo de propagandas de cigarros), a excessiva cobertura de crimes e, conseqüentemente, a fraca ênfase nas opiniões e notícias internacionais. Fez um elogio, entretanto: o atentado de 11 de Setembro foi um acontecimento tão grande que os jornais simplesmente não publicaram anúncios para darem mais cobertura ao terrorismo.
Uma dúvida decorrente dos estudantes das três faculdades foi quanto ao Protocolo de Kyoto, acordo ambiental feito entre a Conferência das Partes e que estabelece que os países desenvolvidos terão a obrigação de reduzir a quantidade de seis gases efeito estufa em pelo menos 5%, em relação aos níveis de 1990. No entanto, Lord manteve-se neutro quanto à posição dos EUA (de não ratificar o Protocolo).
Já no final da palestra, Lord foi perguntado sobre os procedimentos que deveriam ser adotados no Brasil para que os rios (como o Tietê) voltassem à vida, já que havia mencionado que atuou na limpeza de um grande rio em Rhode Island. Sem saber muito sobre a legislação brasileira, arriscou dizer que basta fazer o que foi feito em sua terra natal: incansáveis denúncias com a mobilização da sociedade, cobrança dos responsáveis e prefeitos e mudanças nas leis. E reforçou: “não adianta desistir porque parece difícil. É preciso lutar sempre, acreditar que pode mudar. Se eu tivesse desistido, nunca poderia ter as lembranças das coisas boas que pude fazer pelos outros através dessa profissão”.