ISSN 2359-5191

26/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 132 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Ciclo aborda direito dos animais

São Paulo (AUN - USP) - "O homem é cultura ou natureza? Quando come, é cultura ou natureza? Quando defeca, é cultura ou natureza? Quando copula, é cultura ou natureza?". Essas foram algumas das questões abordadas por Zilda Márcia Gricollu Iokoi, professora de História da USP e diretora do LEI, Laboratório de Estudos sobre Intolerância, na mesa-redonda "História da Intolerância em Relação aos Animais". A atividade abriu o ciclo de debates "Direitos dos animais: faces da intolerância", que aconteceu no Departamento de História da USP, recentemente.

Zilda falou sobre a separação entre homem e animal, o posicionamento do ser humano num nível superior que tornou - e mantém - aceitável o uso dos animais como objetos à sua disposição. Para a historiadora, aos poucos nasceu uma síndrome narcísica do homem. Por ver-se como o centro do universo, acabou por coisificar os animais, que existiriam para servi-lo.

Segundo a professora, o desenvolvimento tecnológico trouxe a possibilidade de retirar um pouco do peso sobre os animais, que não são mais tão largamente utilizados no transporte, por exemplo. “Eram utilizadas cerca de 500 mil mulas todo ano para transportar a safra de café até Santos, isso sem falar na moagem”.

Ainda assim, permanece a distinção entre homem e animal. Esta teria se alargado na Renascença, quando o ser humano se esforçava em negar seu lado irracional. O capitalismo teria adicionado um novo fator a essa cisão. Viveríamos num sistema muito rápido, preocupado demais com a acumulação. O respeito a outros seres é um obstáculo que não se mantém frente a essa finalidade. “Há uma quantidade enorme de vida que pode ser descartada”, disse a historiadora.

Zilda propõe uma crítica radical, que reúna todas as formas de vida, tanto animais quanto vegetais, uma visão “libertária” no lugar da “acumulativa”.

Logo após a exposição, ressaltou a necessidade de uma aproximação diferenciada com a nossa alimentação, a forma como são abatidos os animais, por exemplo, que pode ter diferentes graus de crueldade. Nesse ponto, fez a ressalva de que ela mesma não se julgava capaz de cortar a carne de sua dieta, talvez por seu “sangue italiano”, o que provocou um burburinho de desaprovação por parte de alguns dos vegetarianos, a maioria estudantes, que reservaram um pedaço de sua manhã para assistir à palestra.

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