São Paulo (AUN - USP) -O projeto de monitoria do Museu de Geociências do Instituto de Geociências da USP (IGc-USP) é a prova de que um trabalho de monitoria bem feito pode aproximar, de forma lúdica e criativa, crianças e jovens das ciências. Coordenado pelo Prof. Ideval Souza Costa o projeto recebe, atualmente, cerca de 10200 visitantes por ano.
A monitoria surgiu da necessidade de tornar o Museu de Geociências mais atrativo para o público, especialmente para as crianças e adolescentes em idade escolar. São recebidas crianças à partir dos 3 anos até jovens estudantes universitários. “Nós dividimos os visitantes de acordo com a faixa etária e abordamos os mesmos temas com todos, mas de formas diferentes”, diz Souza Costa.
Para as crianças em fase de pré-alfabetização, por exemplo, a linguagem utilizada deve ser ágil, por isso, o foco do trabalho são as atividades lúdicas e interativas, que incluem desenhos dos minerais observados e brincadeiras. Já para os estudantes de ensino médio o foco está em apresentar a carreira de Geologia. Sendo assim, antes da visita ao museu, os alunos assistem a uma palestra em uma das salas de aula do IGc, para se familiarizarem com o ambiente da universidade. “As palestras nas salas de aula ajudam a quebrar o gelo, aproximando o estudante da realidade da USP, vista por muitos como um lugar distante de sua realidade. Além disso, durante a palestra, os alunos entram em contato com conceitos importantes para que eles apreciem o contexto do acervo do Museu”, explica Souza Costa. Atualmente, um dos temas mais abordados durante as atividades de monitoria é o meio ambiente. “Assuntos como aquecimento global, desmatamento, reciclagem de lixo e economia de água, entre outros, estão muito em pauta e tem tudo a ver com a área de Geologia. Poucas pessoas, porém, sabem que o geólogo é um profissional que não estuda somente rochas, mas sim todas essas questões”, analisa Souza Costa. Ainda que o meio-ambiente seja um tema muito discutido recentemente, ele diz que, ao serem questionados sobre sua preocupação com a reciclagem, por exemplo, poucos estudantes respondem positivamente, afirmando que reciclam seu lixo.
As escolas particulares, seguidas pelas estaduais e depois pelas municipais, são as que mais procuram o IGc para agendar visitas guiadas. Instituições de ensino de São Paulo e da grande São Paulo são a maioria dos visitantes, mas há também escolas de outros estados, como Santa Catarina e Minas Gerais, que viajam todo ano para visitar o projeto. Dentre esses estudantes a maioria têm entre 7 e 14 anos, mas o número de alunos do ensino médio tem crescido nos últimos tempos. “Para o ensino médio o trabalho funciona quase como uma orientação vocacional, apresentando o trabalho do geólogo e dando informações importantes sobre a faculdade, desde o numero de candidatos por vaga na Fuvest até a necessidade de viajar com o IGc” diz Souza Costa.
Para conseguir atender a todos as solicitações de visitas o Museu conta com quatro períodos de visita, de duas horas cada uma, que começa as 8 e vai até as 17 horas. Em cada período pode ser recebidos até 90 visitantes. “Nosso objetivo é desenvolver um trabalho com qualidade, por isso não importa se o grupo tem cinco ou 50 estudantes, pois faremos com que a monitoria seja feita com a mesma dedicação e atenção”, afirma Souza Costa.
Alunos Monitores
Os monitores do projeto são os próprios alunos do IGc, que desenvolvem essa atividade voluntariamente. Graduanda do segundo ano de Geologia, Laisa de Assis Batista vê no projeto a melhor forma de devolver a sociedade tudo que é investido em sua formação na universidade pública.
Para ser monitor do projeto basta se interessar e assistir a algumas monitorias para se inteirar da dinâmica do trabalho. No futuro, porém, o professor Ideval pretende criar um curso para os monitores, a fim de prepará-los melhor para exercerem suas funções. “Hoje em dia, com a Internet, as perguntas estão cada vez mais especificas por isso, nós, do IGc, devemos estar preparados para responder a maioria delas, mas também para dizer que não sabemos e irmos pesquisa”, diz Souza Costa.
As crianças, com sua descontração habitual, são o público que mais encanta Laisa. “A curiosidade das crianças gera perguntas mais simples, expressadas sem medo ou vergonha, e tornam a monitoria rica, descontraída e cheia de surpresas”, diz ela.
Monitora do projeto há cerca de dois anos, depois que veteranos perceberam seu interesse em projetos paralelos voltados a educação, Laisa diz que o trabalho no Museu ajuda-a a desenvolver auto-confiança, postura e trabalho em equipe, habilidades que ela considera fundamentais para sua vida profissional. “ O museu é uma entidade em crescimento, por isso, espero que no futuro, depois de formada, eu ainda continue participando de suas atividades” finaliza Laisa.