São Paulo (AUN - USP) - A estudante de pós-graduação da Faculdade de Educação da USP (FE-USP), Cristiana Mello Cerchiari, aponta uma falta de preparo dos docentes, tanto em rede pública quanto em privada, para lidar com alunos com deficiências como paralisia cerebral e cegueira. Uma das principais causas do desconhecimento dos professores em lidar com o aprendizado dessas crianças é a forma imediatistas como essas questões são tratadas.
Em exposição de sua pesquisa realizada por meio do V Encontro da Linha de Pesquisa Linguagem e Educação, realizado recentemente, Cristiana afirmou ser necessário um processo prospectivo de preparo dos professores para evitar improvisação de didática e despreparado para lecionar em uma sala de aula com alunos deficientes. Para ela, há um trabalho precário sendo realizado devido à falta de visão de futuro na formação dos profissionais que só buscam a solução diante do problema.
De acordo com uma pesquisa da FE-USP, ainda há professores que têm dúvida sobre o que é a cegueira visual. Alunos que precisam de lupa para ler, por exemplo, não recebem a devida atenção. Esse despreparo, para a estudante, é reflexo da ausência de educação inclusiva nos cursos das faculdades e de medidas por parte do Estado.
A debatedora da pesquisa de Cristiana, Sandra Ferreira Oliveira, professora da rede pública, complementou dizendo que os professores devem ter em mente o modelo do “professor pesquisador”. Sandra afirmou que o professor pesquisador aceita o fato de estar em processo contínuo de aprendizagem e não vê a conquista do diploma como um fim para os seus estudos. Para ela, esse conceito também envolve um diálogo entre prática e teoria e a promoção de troca de experiências entre os professores. “Há uma crença de que a formação inicial é suficiente para a vida toda”, afirmou.
Uma das questões levantadas foi a participação que a família pode ter no processo de inclusão da criança na escola. A estudante afirmou que a primeira parceria deve ser feita com o aluno e que a família pode ser procurada para dar suporte. E a debatedora acrescentou também ser válido incentivar professores a agir de acordo com as suas experiências, pois podem desenvolver métodos eficazes de adaptação desses alunos, que venham a ser consagrados.Outra questão surgida é saber até que ponto, de fato, o aluno está incluído na escola. Só estar matriculado não é estar incluído no ensino.
Para as participantes do V Encontro são questões que pedem urgência para serem solucionadas, pois há cada vez mais alunos deficientes nas salas de aula e os professores precisam estar preparados para lidar com eles. Somente entre os anos de 1998 e 2006, um intervalo de oito anos, houve um aumento de 640% nas matrículas de estudantes deficientes em escolas regulares, de acordo com o Ministério da Educação (MEC).