São Paulo (AUN - USP) - “Nenhuma das condições que permitiram a existência de Auschwitz – campo de concentração na Polônia da década de 1940 – sumiu até hoje”, defende a professora Anita Novinsky, historiadora e ex-professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo(FFLCH-USP). Anita foi mentora e organizadora do Colóquio Internacional Tolerância e Direitos Humanos: Tolerância e Paz, evento no qual deu palestra.
“Os judeus ainda sofrem com preconceito e até mesmo com novas ondas de anti-semitismo”, falou a professora. Para ela, a intolerância com povos de religiões diferentes sempre remonta à história daquela sociedade, possíveis guerras, disputas por território e recursos naturais. “O fundamentalismo quer impor suas idéias, seus valores, porque, no fundo, reside nele um interesse que não querem que seja dito, um interesse econômico, político”.
A professora afirmou que hoje, principalmente na Europa e Estados Unidos, os estrangeiros são vistos como uma ameaça, como responsáveis pela falta de empregos e outros problemas da população nativa. Ela citou os casos de africanos na França e de latinos nos EUA. “Essas pessoas deixam seus países por estar numa situação insustentável, chegam lá esperando uma oportunidade e não são aceitas, são tratadas como animais, deixadas de lado pelas autoridades e sociedade”.
Anita disse que é importante reunir acadêmicos, intelectuais e público em geral para debater esses assuntos que, segundo ela, “são os problemas mais preocupantes para a sociedade em nosso tempo”. A solução, para ela, está em construir uma nova educação, que dê ênfase à formação das crianças como seres humanos livres de preconceitos, para que “negros, ciganos, homossexuais e judeus nunca mais sejam discriminados”. Anita também falou sobre a luta pela defesa das crianças no planeta, “já que hoje, mais de 300 mil pegam em armas e fazem parte de um exército”.