São Paulo (AUN - USP) - Três novas espécies de cogumelos bioluminescentes foram recentemente descobertas por pesquisadores do Instituto de Química da USP. A pesquisa foi iniciada há sete anos e já resultou na descoberta de mais de doze novas espécies dos fungos. De acordo com Cassius Vinicius Stevani, coordenador do grupo de estudo sobre bioluminescência fúngica, a quantidade de espécies conhecidas vai aumentar ainda mais rapidamente no futuro próximo.
As espécies que serão divulgadas ainda este ano são a Mycena luxaeterna, encontrada em São Paulo, a Mycena luxarboricola, oriunda do tronco de árvores no Paraná, e uma terceira espécie que ainda não recebeu um nome definitivo (provisoriamente chamada de Pleurotus gardneri), que cresce na base de vários tipos de palmeiras em Goiás, Tocantins, Piauí e Maranhão. A descrição e a identificação destas e de outras espécies que o grupo descobriu é realizada pelos pesquisadores Marina Capelari, do Instituto de Botânica da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, e Dennis Desjardin, da San Francisco State University.
Em um artigo de revisão publicado ano passado, o grupo contabiliza 64 espécies de fungos com a característica de emitir luz no escuro, contra as 42 que haviam sido descritas antes do início das pesquisas do grupo do IQ. Com os três cogumelos descobertos pelos pesquisadores da USP e com outros que Desjardin encontrou recentemente em vários países, esse número aumenta ainda mais. Atualmente, são conhecidas 72 espécies pelo mundo. Segundo o coordenador do estudo do Instituto de Química, a previsão é que dentro de pouco tempo a quantidade de fungos bioluminescentes ultrapasse uma centena.
No entanto, Stevani afirma que alguns dos fungos descobertos durante o seu trabalho já haviam sido descritos anteriormente por outros micólogos como fungo comuns, pois haviam sido encontrados durante o dia e desidratados, tendo suas propriedades bioluminescentes desativadas antes que pudessem ser notadas. Por esse motivo, o grupo de pesquisadores do Instituto de Química passou a coletar as amostras durante a noite, o que possibilitou o aumento na quantidade de fungos bioluminescentes conhecidos.
A emissão de luz por alguns tipos de cogumelos foi notada pela primeira vez por Aristóteles,na Grécia Antiga. Mesmo assim, essa área de estudo sempre foi pouco entendida e estudada. A pesquisa sobre esse tipo de fungo tem o potencial de gerar tanto conhecimentos acadêmicos quanto aplicados, explicando inclusive qual o significado dessa emissão na natureza.