São Paulo (AUN - USP) - É notável a crise educacional, entretanto somente analisar esses fatos do ponto de vista da Academia é pouco. Essa é a opinião de César Callegari, sociólogo, presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada e da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação concedida recentemente no Colóquio Internacional Tolerância e Direito Humanos organizado pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP. Ele não descarta a importância das discussões, entretanto acredita que a valorização das “idéias simples”, da família e do potencial que áreas pouco visadas possuem é imprescindível para se pensar em eficiência.
Para o sociólogo, as idéias simples são as melhores idéias. Isso porque são compreendidas por todos. Se as pessoas entendem as propostas e conseguem refletir sobre, são mobilizadas. E a educação necessita dessa troca. Perguntas como “o que a escola e eu como pai posso fazer para um melhor rendimento do meu filho”, fazem com que se pense em processos alternativos, algo que faça sentido para quem sofre com o problema. Assim, conseguem lidar com ele sem se sentirem excluídos.
Para isso, a família exerce um papel indispensável; a instituição deve participar do processo educativo. Ser agente, não só espectador. Há então uma valorização dos atores da educação, não só da escola, como do profissional da educação, dos alunos e dos responsáveis. O que significa valorizar o próprio ato educativo. Esse encontro propicia uma maior visibilidade dos agentes envolvidos, que se sentem respeitados e se tornam mais responsáveis e motivados.
Outro aspecto destacado é a necessidade de investimento nas cidades periféricas das metrópoles. Caso não haja compreensão da força, da dinâmica e da importância desses territórios, as políticas publicas serão centradas em locais que não terão o efeito previsto. Isso porque concentram pessoas que, em sua maioria, não tiveram educação formal e, por virem para as regiões metropolitanas com o ideal de “vencer na vida”, estimam sua educação e a de seus filhos. É importante utilizar essa força.
No momento em que a sociedade opta por incentivar esse tipo de programa, o mesmo ganha um novo sentido: o de urgência. Sujeitos de vontade fazem com que a escola se mova e que os programas articulados liberem energia. Com essa liberação de energia social, as instituições maiores se sentem coagidas a tomar atitudes. Para Callegari, “a educação não é um meio, é a finalidade própria da civilização humana”.