São Paulo (AUN - USP) - Mais de 2000 panfletos com recomendações para a utilização de remédios foram distribuídos para a população por alunos de Farmácia durante a Campanha Nacional pelo Uso Correto de Medicamentos, que ocorreu no último dia 8, no Hospital das Clínicas. Segundo Thalles Peixoto, diretor do Departamento de Extensão do CAFB (Centro Acadêmico de Farmácia e Bioquímica) da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, a importância da campanha está relacionada ao compromisso que os universitários têm para com a sociedade. “Temos a chance de transmitir para a população os conhecimentos que adquirimos na Universidade”, afirma.
Na capital, o evento foi realizado pela Farmácia Acadêmica e pelo CAFB. Trata-se um evento de extensão universitária, que ocorre todo ano perto do dia 5 de maio, data instituída em 1998 como Dia Nacional pelo Uso Correto de Medicamentos pelo Conselho Nacional de Entidades Estudantis de Farmácia.
Entre as 8 e 18 horas do dia da campanha, mais de 100 alunos se revezaram para distribuir panfletos e conversar com as pessoas enquanto elas esperavam por sua consulta no hospital. A atividade é realizada por estudantes de Farmácia do Brasil inteiro. Cada Centro Acadêmico organiza a sua campanha como julga melhor, mas o tema é o mesmo em todo o país. Esse ano, o CAFB conseguiu uma parceria com o Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, que providenciou a arte e a impressão dos panfletos. Além dos estudantes da USP, participaram também alunos de Farmácia do Mackenzie e da Unicastelo. O evento contou ainda com uma parceria com o Hospital das Clínicas.
Thalles explica que a experiência é importante para o estudante de Farmácia porque agrega o conhecimento do contato com o paciente de uma forma bem precoce durante o curso. “A maioria dos alunos não vai trabalhar com isso no futuro, vai se envolver em outras áreas”, conta, “logo é interessante tomar contato com essa opção pelo menos uma vez, para experimentar”. Foram emitidos certificados de participação para todos os estudantes. Esses documentos contam, para as faculdades particulares, como crédito de duas horas em atividades extracurriculares obrigatórias. “De qualquer forma, o contato com o paciente é importante para qualquer pessoa, porque é enriquecedor tanto em termos profissionais quanto pessoais”, diz o representante do CAFB.
Nos panfletos e explicações, foram abordados conceitos básicos sobre o uso e o armazenamento de medicamentos. Os alunos falaram sobre cuidados como observar o horário para tomar os remédios, o lugar correto da casa para guardá-los e os riscos de tomar fármacos recomendados por conhecidos, sem consultar o médico. Também foi abordada a importância de não ingerir medicação com líquidos diferentes de água, como leite, suco ou refrigerante, que podem inibir ou potencializar o efeito do medicamento. “Muita gente volta para o hospital porque o tratamento não está dando certo, e muitas vezes é por causa desses pequenos deslizes”, diz Thalles.
Os ingressantes no curso de Farmácia em 2009 compuseram cerca de 90% do total de participantes da USP na campanha. Para a caloura Maiara de Abreu, trata-se de uma oportunidade de ouvir dúvidas e aprender com os pacientes. “Muitos reclamam, por exemplo, do tratamento impessoal que recebem nos hospitais e do pouco diálogo que os médicos em geral travam com eles”, relata. Carolina Hernandez, também ingressante no curso este ano, faz coro com a colega a respeito da riqueza desse contato com a população. “É muito interessante conhecer os hábitos das pessoas e conhecer um pouco de sua realidade, porque assim nós também aprendemos”.
“Sabemos que as filas são longas e as pessoas esperam muito tempo para serem atendidas. Fazendo a campanha, nós as distraímos e informamos ao mesmo tempo”, afirma Lívia Teixeira, que também acabou de entrar na USP e já garante que pretende participar novamente do evento em 2010.
A vontade de Lívia de repetir a experiência foi concretizada por Vinícius de Almeida este ano. Com um sorriso no rosto, o aluno conta que essa foi a segunda vez que participou da Campanha. “Não queremos simplesmente dizer às pessoas o que fazer, mas sim conversar”, diz. Vinícius acredita que perguntar quais são os hábitos da pessoa e dialogar com ela informalmente são formas de deixá-la mais à vontade. “É uma maneira de criar consciência de uma forma que não é autoritária, o que é muito compensador. Adoro fazer isso”, arremata o estudante.