São Paulo (AUN - USP) - Com a multiplicação dos blogs e seu crescente prestígio, a comunicação corporativa toma novas formas e as empresas devem se tornar cada vez mais transparentes. “A gente sabe que não há ninguém que segure e esconda a notícia, qualquer coisa que acontece se espalha rapidamente. O assessor de imprensa não esconde nada”, foi a declaração dada pela coordenadora de atendimento da TAM, Silvana Melati Cintra. Ela esteve presente em recente evento na Escola de Comunicações e Artes da USP, comentado o atual papel do assessor de imprensa. Historicamente visto como “vilão” e contra personagem do jornalista, hoje o assessor está perfeitamente encaixado na lógica da comunicação.
Cada pessoa funciona como uma agência de notícias e o processo de renovação da informação não pode ser parado. Isso reverbera na comunicação organizacional. “Não adianta tentar esconder a sujeira por baixo do tapete. Alguém vai descobrir e ainda vai colocar isso num blog”, afirmou Silvana e ainda exemplificou: um blogueiro conseguiu tirar do mercado cadeados do tipo u-lock para bicicletas. Ele postou um vídeo no youtube onde conseguia abrir o cadeado com uma simples caneta bic. Silvana disse que o compromisso do assessor de imprensa é fazer com que aquilo que a empresa faz chegue ao mercado, não importando se isso trará malefícios. “Fez bobagem, conserta. Isso é coragem”.
Apesar de bacharel em letras, Silvana tem experiência com assessoria e até mesmo já participou da gestão de uma crise. Em 2006, quando o ocorreu o famoso caso do Boeing 1907 da Gol, Silvana fazia parte da equipe de comunicação da empresa. O país estava às vésperas da eleição presidencial mas a manchete de todos os jornais era sobre a morte dos 155 passageiros do Boeing. "As 24 horas que procedem a um acidente são fundamentais, porque isso vai dizer para as pessoas como é que você se relaciona com elas, vai dizer o compromisso da empresa com seus clientes". Enquanto as equipes de buscas do governo federal localizavam os destroços da aeronave, já era conduzida uma coletiva com representantes da Gol, preocupados em humanizar o fato e assistir as vítimas e familiares. "Você cria a forma para que toda a imagem comunique levando em consideração as circunstâncias". A coletiva foi feita de forma minuciosamente organizada. Até os rótulos das embalagens de água foram retirados, já que naquele momento não era o objetivo fazer propaganda de nada, nem mesmo da própria empresa.
Mais que comunicar, o assessor deve transmitir sua mensagem pensando no contexto que envolve seu discurso. Esse é também um dos pensamentos do professor da ECA-USP e presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), Paulo Nassar. Em recente editorial à revista Comunicação Empresarial, ele afirma: “Se há 40 anos, o comunicador desempenhava um papel coadjuvante, hoje, ele é peça chave do mercado. Transformou-se em conselheiro da alta direção, em intermediador das movimentações internas”.