São Paulo (AUN - USP) - A Revolução Cubana completa meio século neste ano. Hoje, o país ainda é uma República Socialista, vive um regime de partido único e sofre com a falta de liberdade. Em função da data, o Centro Universitário de Pesquisas e Estudos Sociais (Ceupes) promoveu palestra sobre os 50 anos da Revolução. O evento fez parte da Semana de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências e Humanas (FFLCH).
Leonel Itaússu, professor do departamento de política da FFLCH, disse que os cubanos têm na falta de liberdade o seu maior problema atualmente. Segundo ele, a “ditadura de partido único” e o controle dos meios de comunicação, organizações estudantis e sindicatos fazem com que haja grande ausência de liberdades individuais e coletivas. Por esses motivos, o professor definiu o regime do país como “proto-socialista”.
Para explicar os motivos dessas “falhas” no regime, Itaússu fez um apanhado do marxismo, que, segundo ele, “foi a síntese do que de melhor se produziu pela humanidade no século XIX”, porque uniu a filosofia alemã, as mudanças políticas na França e inovações econômicas na Inglaterra.
Itaússu falou que a doutrina previa um novo tipo de sociedade e modo de produção, mas que encontrou problemas em Cuba pelo país ser parte da “periferia do capitalismo”, o que podia ser visto, por exemplo, na maioria camponesa da população e uma indústria quase inexistente. “Cuba não havia cumprido algumas tarefas essenciais para a aplicação do socialismo. Essas tarefas competiam ao capitalismo desenvolvido, que não era presente”, explica o professor.
Como solução, Itaússu defendeu uma reforma política que não tenha interferência externa. “É necessário deixar o povo decidir soberanamente. Os EUA não podem ter influência alguma no processo”. O embargo econômico imposto pelos americanos também foi citado como barreira ao desenvolvimento cubano. “Esse embargo também tem que se extinto de vez”.
Dentre os motivos para comemorar a data, o professor colocou as reformas agrária, urbana, educacional, na saúde pública e na habitação. Hoje, Cuba é referência na formação de médicos e professores na América Latina e é um dos países com menos desigualdade social na região. “As conquistas sociais foram realmente fabulosas, históricas. Não existem ricos, mas também não há miseráveis. Quando essa igualdade for acompanhada de liberdades, Cuba dará um passo para o socialismo”, disse Itaússu.