São Paulo (AUN - USP) - A variedade de temas e objetivos que se estabelece na sociedade complexa do novo século faz com que não haja voz em uníssono para exigir mudanças. É o que acredita José Guilherme Magnani, professor do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP). Em palestra, na V Semana de Ciências Sociais da mesma faculdade, falou sobre os desafios de se conseguir mobilização expressiva, em um cenário em que ambições e necessidades se tornaram tão diversas.
Essa maior variedade dá aos cidadãos novos temas para debater. Surgem novos ângulos, olhares e opiniões com as quais a sociedade precisa lidar. Contudo, a pluralidade, que deveria disseminar pensamentos, acaba sendo administrada por uma política fragmentada e de setores. Para o professor, é necessária uma política que englobe os anseios, que ele chamou de “a grande política”. Se isso não ocorre, deve-se perguntar como vincular as aspirações em perspectivas mais amplas.
Magnani lembra seus anos de militância e de exílio na época do Regime Militar no Brasil. Quando deixou o país, havia, entre os que lutavam contra a situação política, ideais comuns, sonhos compartilhados. A experiência socialista chilena com Alende e a populista na Argentina com Perón fez com que conhecesse realidades muito distintas das vividas em sua terra natal. Segundo ele, quando retornou ao Brasil em 78, pôde pensar e relativizar a conjuntura sócio-política. Considera um de seus aprendizados o fato que união e a luta por causas não precisa ser necessariamente sofrida, há um esforço propositivo que deve ser considerado.
Esse esforço é uma das formas de lidar com os dilemas da sociedade complexa fragmentada. Para ele, hoje as pessoas estão tomadas por certo desencanto, mas isso não significa falência. Desse desencanto pode surgir a força para mudar estruturas, o importante é compreender que surgem cada vez mais novidades e se deve incorporar esse espírito inovador a fim de achar soluções comuns para casos distintos. “A palavra básica é experimentar”.